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Ibovespa descola do exterior e recua com cenário interno no radar

Bolsas globais mantém tom positivo do último pregão e seguem favoráveis ao risco após discurso de Powell

Painel de negociações da B3, a bolsa brasileira | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de negociações da B3, a bolsa brasileira | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 30 de agosto de 2021 às 09h29.

Última atualização em 30 de agosto de 2021 às 17h47.

O Ibovespa voltou a intensificar queda na tarde desta segunda-feira, 30, na contramão das bolsas globais, onde permanece o viés positivo do último pregão. Por aqui, o Ibovespa recuou 0,78%, aos 119.739 pontos, de olho nos riscos domésticos e passando por um movimento de correção depois da alta de sexta-feira.

Um dos pontos de atenção é a crise hídrica, que pode pressionar ainda mais a inflação. Em meio à pressão no setor de energia, a expectativa do IPCA subiu de 7,11% para 7,27% em 2021 e de 3,93% para 3,95% em 2022 segundo o último relatório Focus.

A crise ganhou também contornos políticos. Segundo o Poder 360, a Aneel manteve a bandeira da tarifa de energia do Brasil no nível 2 vermelho à pedido do presidente Jair Bolsonaro. O presidente solicitou que a agência não anuncie a nova tarifa antes das manifestações pró-governo marcadas para o feriado de 7 de setembro.

Em clima de eleições, Bolsonaro também alimentou as tensões institucionais durante o final de semana. De olho em 2022, o presidente voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e afirmou só ter três caminhos possíveis para seu futuro: estar preso, morto, ou obter "vitória".

“O cenário repleto de incertezas na política, na economia e nas questões fiscais deixam investidor cauteloso após impulso de sexta-feira, quando o Ibovespa seguiu as bolsas internacionais”, avalia Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

As incertezas são tantas que a surpresa positiva no IGP-M não fez preço no mercado. Divulgado nesta manhã, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) referente ao mês de agosto ficou abaixo do consenso de mercado, avançando 0,66% na comparação mensal, abaixo dos 0,78% esperados pelos analistas. No ano, o índice acumula alta de 16,75%, e já sobe 31,12% considerando o período desde agosto do ano passado.

“A divulgação do IGP-M foi um dos poucos pontos positivos de hoje, mas ainda existe um longo percurso para que o Banco Central consiga diminuir essa persistente pressão da inflação”, avalia Chinchila.  

Destaques de ações

Em dia negativo para o Ibovespa, a maior pressão em pontos ficou com os papéis da Vale (VALE3), que detêm o maior peso no índice, e caíram 0,64%, seguindo o pregão de baixa para o minério de ferro. A commodity recuou 0,56% no porto de Qingdao, na China, para 156,66 a tonelada. 

Os papéis da (B3SA3), que registraram desvalorização de 1,72%, também tiveram forte contribuição para o movimento, assim como os bancos. O Bradesco (BBDC4) caiu 1,07%, Santander (SANB11), 0,84%, Itaú (ITUB4), 0,72% e Banco do Brasil (BBAS3), 0,95%.

Em variação, a maior baixa ficou com as ações da Cyrela (CYRE3), que caíram 3,94% em movimento de realização após acumular alta de quase 15% na última semana. Já a maior alta ficou com os papéis de Lojas Americanas (LAME4), que avançaram 2,86%.

Fora do Ibovespa, as ações da Alliar (AALR3) subiram 2,97% após o grupo Fleury (FLRY3) anunciar que está avaliando uma possível transação com a empresa. Em fato relevante, a Fleury afirmou que “até este momento não há qualquer definição quanto à apresentação de proposta, oferta ou acordo".

Mais cedo neste mês, a Rede D'Or (RDOR3) anunciou oferta pública para comprar a Alliar. Na sequência, fundos de investimento ligados ao empresário Nelson Tanure compraram cerca de 26% da empresa, complicando uma proposta de compra pela Rede D’Or. As ações da Rede D’Or caíram 3,25%, enquanto as da Fleury recuaram 0,59%.

Bolsas internacionais

No exterior, os mercados arrefeceram os ganhos mas ainda deram continuidade à tendência de alta, com os índices S&P 500 e Nasdaq conquistando novas máximas.

As bolsas seguiram repercutindo positivamente o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Na última sexta-feira, Jerome Powell afirmou que o Fed deve começar a retirada gradual de estímulos da economia, processo conhecido como tapering, ainda em 2021. 

Por outro lado, Powell declarou que a autoridade monetária não tem pressa em subir a taxa de juros – declaração que continua alimentando o apetite ao risco nas bolsas mundiais. O mercado agora aguarda a divulgação do relatório de emprego americano, o payroll de agosto, que será divulgado na próxima sexta-feira, 3. Os dados podem indicar se a perspectiva do Fed para o mercado de trabalho se mantém, dando maiores pistas sobre os próximos passos da entidade monetária.

Investidores também monitoraram o movimento dos preços do barril de petróleo, que subiram após a passagem do furacão Ida nos Estados Unidos, forçando desligamentos e evacuações em centenas de plataformas de petróleo. O mercado aguarda ainda pela reunião da Opep+ na quarta-feira, que pode reconsiderar um possível novo aumento na oferta do produto.

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