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Ibovespa cai 1,86% com temores sobre nova mutação da covid-19

Otimismo com vacinas da lugar à preocupação após países dá Europa suspenderem voos para se protegerem de doença, que pode ser até 70% mais contagiosa

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 09h41.

Última atualização em 22 de dezembro de 2020 às 15h42.

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou a segunda-feira, 21, com queda de 1,86%, a 115.822 pontos. O mercado reagiu negativamente às notícias sobre a mutação do coronavírus encontrada no sul da Inglaterra, que pode ser até 70% mais contagiosa que as variações em circulação atualmente. A queda de hoje foi a maior desde o dia 12 de novembro, quando a bolsa recuou 2%.

Embora a variação do coronavírus tenha sido descoberta na última semana, a reação do mercado só ocorreu nesta segunda, após países da Europa suspenderem voos para o Reino Unido. Com as novas medidas para conter o avanço da covid, ações de algumas das principais empresas aéreas do continente, como a IAG, da British Airways, chegaram a cair mais de 10%.

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No Brasil, as ações de companhias aéreas e de empresas de turismo também despencaram. Os papéis da Gol (GOLL4) foram os que mais perderam no dia, com variação de -4,7%. A fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3) registrou baixa de 4,36%, e a operadora de turismo CVC (CVCB3) recuou 3,8%.

Com uma nova variação potencialmente mais contagiosa em circulação, mais de 30 países decidiram interromper as viagens para o Reino Unido, em uma tentativa de conter a nova mutação do vírus. O receio de que surtos aconteçam em outros lugares, levando a mais restrições sanitárias, incentivou os investidores a se desfazer de posições nos setores aéreos e de turismo.

A mesma incerteza permeou a queda nas cotações do petróleo. No dia 21, o preço do barril de petróleo recuou mais de 2%, o que afetou diretamente as ações da Petrobras, no Brasil. Os papéis PETR4 recuaram 3,8% no pregão da segunda-feira. Caso novas restrições de circulação surjam, e caso a economia seja afetada por esses fechamentos, o consumo de petróleo e de derivados (como o querosene, da aviação) pode afetar o resultado financeiro das petroleiras, incluindo o da estatal brasileira.

Dólar

No mercado de câmbio, os temores sobre a mutação do vírus também estiveram presentes, com o índice Dxy, que mede a variação do dólar ante seus pares, chegando a registrar a maior alta em três meses. No Brasil, a moeda americana subiu 0,79%, para 5,12 reais -- trata-se do maior valor desde o dia 4 de dezembro.

Assim como a bolsa, o dólar abriu o dia em um ambiente mais volátil. A moeda americana chegou a valorizar mais de 2% e ser negociada acima de 5,20 reais, o que não ocorria desde o início do mês. Mas, assim como o Ibovespa, o real se recuperou e, no período da tarde, o dólar passou a ser vendido abaixo de 5,15 reais.

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Para Bruno Musa, sócio da Aqcua Investimentos, o fato de as bolsas globais estarem próximas de suas máximas históricas contribuiu para um movimento de queda mais acentuado, assim como o fato de haver menos pregões nesta e na próxima semana devido ao Natal e ao Ano Novo, o que impediria a venda de ativos se a situação se deteriorasse.

"O mercado ainda não sabe [ o efeito da mutação do coronavírus ], então se antecipa e coloca o lucro no bolso para fazer caixa para o ano que vem", afirma Musa.

No radar dos investidores está o pacote econômico, que pode ser votado ainda hoje, depois de meses de negociações entre republicanos e democratas. Bastante aguardado pelo mercado, o estímulo é avaliado em 900 bilhões de dólares e deve ser o segundo maior da história dos Estados Unidos.

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