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Ibovespa fecha na contramão de NY com risco fiscal e alta de juros

Alívio de restrições de mobilidade na capital chinesa motiva apetite ao risco no mercado internacional

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 6 de junho de 2022 às 17h30.

Última atualização em 6 de junho de 2022 às 17h46.

Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira caiu nesta segunda-feira, 6, pressionado por riscos fiscais internos e pela alta na curva de juros, que avançou pressionada pelo movimento similar nos Estados Unidos. 

  • Ibovespa: - 0,82%, aos 110.185 pontos

No exterior, a preocupação com o avanço da inflação aumentou as apostas de um aperto monetário mais duro. Nesta segunda, o rendimento do título de dez anos do Tesouro americano voltou a superar 3% pela primeira vez desde o início de maio. Vale lembrar que o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) — indicador importante na decisão da política de juro americano — será divulgado nesta sexta-feira, 10.

A alta dos rendimentos ajudou a impulsionar o dólar ante as moedas emergentes e desenvolvidas. A moeda americana, que iniciou o dia em queda, passou a subir, acompanhando o movimento dos títulos americanos. No Brasil, o dólar voltou a ser negociado próximo da casa dos R$ 4,80.

  • Dólar:  + 0,37%, R$ 4,796

No cenário interno, as preocupações se voltaram para as medidas populistas do governo Jair Bolsonaro. Nesta segunda, o presidente afirmou que o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, quer “mudar toda a Petrobras”, em uma tentativa de conter a alta dos combustíveis em ano eleitoral.

A fala foi feita dois dias depois do governo propor a criação de um subsídio ao diesel de R$ 25 bilhões com uso dos dividendos da Petrobras pagos à União.

As sinalizações foram mal recebidas por investidores, que, mais cedo, voltaram a penalizar as ações da petroleira. Ao longo da tarde, no entanto, os papéis amenizaram as perdas.

  • Petrobras (PETR3): - 0,06%
  • Petrobras (PETR4): - 0,07%

Destaques de ações

O efeito da curva de juros, no entanto, persistiu e derrubou as ações de tecnologia, as mais afetadas em um cenário de juros mais altos. Positivo (POSI3) e Méliuz (CASH3) recuaram mais de 6%. Hapvida (HAPV3), Americanas (AMER3) e Petz (PETZ3) também ficaram entre as maiores baixas do dia.

  • Hapvida (HAPV3): - 6,15%
  • Positivo (POSI3): - 6,13%
  • Méliuz (CASH3): - 6,11%

Entre as poucas altas do índice, destaque para a CSN Mineração (CMIN3). O setor ligado ao minério de ferro avançou nesta segunda, acompanhando a retomada da atividade econômica da China, após remoção de restrições à covid-19 em Pequim.

Entre o alívio das medidas está a volta da permissão para comer dentro de restaurantes e a retomada do trabalho presencial. Bolsas da Ásia fecharam em firmes altas, enquanto o minério de ferro foi à máxima em dez meses na bolsa de Dalian.

A valorização da commodity contribui com a alta das ações da Vale (VALE3), que, por serem os papéis de maior peso na carteira do índice, impediram uma queda ainda maior do Ibovespa.

  • CSN Mineração (CMIN3): + 1,94%
  • Vale (VALE3): + 0,43%

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Bolsas internacionais sobem

Assim como o setor de mineração, o bom humor com a China impulsionou as principais bolsas da Europa e dos Estados Unidos.

Além da maior expectativa de demanda chinesa, sinais de alívio do cerco às empresas de tecnologia do país endossam o apetite ao risco no exterior. As ações da chinesa Didi Chuxing saltam mais de 60% em Nova York, após notícia do Wall Street Journal sobre o fim da investigação sobre a companhia e a suspensão do banimento da adesão de novos usuários à plataforma de aplicativos de transporte, como 99.

O índice Nasdaq, das principais ações de tecnologia dos Estados Unidos, foi destaque positivo desta segunda. Na última sessão, o Nasdaq teve o pior desempenho entre os índices de Wall Street, recuando cerca de 2,5%, com temores sobre as pressões inflacionárias, após dados do mercado de trabalho americano terem saído acima do esperado.

  • Nasdaq (EUA): + 0,38%
  • S&P 500 (EUA): + 0,30%

     

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