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Ibovespa fecha em queda e volta aos 125 mil pontos; dólar supera R$ 5

Ruídos políticos e reforma tributária fizeram o índice se descolar do exterior; BR Distribuidora avança mais de 7%

Painel da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 1 de julho de 2021 às 17h35.

Última atualização em 1 de julho de 2021 às 17h58.

O Ibovespa caiu no primeiro pregão do semestre nesta quinta-feira, 1º, na contramão do cenário internacional de alta, conforme os temores com o cenário interno se sobrepõem ao otimismo com a recuperação da economia global. 

Por aqui, reforma tributária, possível crise hídrica e CPI da Covid-19 ditaram o tom do mercado, prejudicando a bolsa e o real. O principal índice da B3 recuou 0,9% para 125.666 pontos, enquanto o dólar subia 1,45%, sendo negociado a 5,045 reais.

No Senado, a CPI da Covid ouve Luiz Paulo Dominguetti Pereira, o representante da Davati Medical Supply que denunciou à Folha de S. Paulo supostos esquemas de corrupção envolvendo a compra de vacinas da AstraZeneca por parte do Ministério da Saúde.

Na CPI, Pereira confirmou o pedido de propina e disse que o deputado Luís Miranda intermediou as negociações sobre a compra de vacinas. Contudo, senadores da oposição acreditam que Dominguetti seria uma testemunha plantada na CPI.

Apesar das declarações e desdobramentos, investidores seguem céticos de que as denúncias fortalecerão os pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. "É mais um ruído", comenta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que irá esperar o fim da CPI para analisar os mais de 120 requerimentos de abertura de impeachment o que inclui o “superpedido” protocolado pela oposição na véspera.

No exterior, o clima de recuperação impulsionou as bolsas após a divulgação de dados macroeconômicos nos Estados Unidos e na Europa. Os pedidos semanais de seguro-desemprego caíram de 415.000 para 364.000, atingindo o menor número desde os primeiros impactos da pandemia no mercado de trabalho americano, em março do ano passado. Os pedidos também ficaram abaixo das expectativas de 390.000.

Índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) divulgados na Europa também reforçam a perspectiva de uma forte recuperação econômica. Na zona do euro, o PMI industrial ficou em 63,4 pontos, bem acima da linha dos 50 pontos que divide a contração da expansão da atividade.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,76%. No mercado americano, o Dow Jones avançou 0,38%, o S&P 500 apresentou alta de 0,52% e o Nasdaq encerrou em leve alta de 0,13%. 

Destaques de ações

Na bolsa, as principais ações do Ibovespa operaram em queda. O setor financeiro recuou em bloco ainda acompanhando a leitura de que os bancos devem ter algumas das ações mais penalizadas pela reforma tributária. Isso porque o texto propõe o fim do benefício fiscal sobre o pagamento de juros sobre capital próprio, instrumento largamente utilizado no setor. 

Em reação aos temores, as ações do Bradesco (BBDC4) caíram 1,24%, seguidas pelos papéis do Itaú (ITUB4), que recuaram 0,34%. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram queda de 1,06%, enquanto as units do Santander (SANB11) caíram 0,25%. Já os papéis da B3 (B3SA3) recuaram 2,97%.

No campo das commodities, as ações da Vale (VALE3), que têm o maior peso no índice, registraram queda de 1,74%, mesmo com a alta de 2,5% do minério de ferro no exterior. Isso porque crescem as pressões da China para controlar o preço do aço no país e cumprir suas metas de carbono, o que pode eventualmente enfraquecer a demanda e os lucros da mineradora. 

As ações da Petrobras (PETR3/PETR4) também se descolam da alta do petróleo, e encerraram o dia negociadas em queda de 1,75% e 1,26%, respectivamente, enquanto a commodity avançou quase 2% no mercado internacional. O preço petróleo Brent subiu 1,23%, enquanto o WTI avançou 2,03% na expectativa da reunião da Opep+.

A petroleira chegou a subir no início do dia acompanhando a alta do petróleo e impactada, principalmente, pela operação na qual se desfez de fatia remanescente de 37% da BR Distribuidora (BRDT3), mas os papéis perderam o fôlego ao longo do pregão.  

O mesmo não pode ser dito das ações da BR Distribuidora que lideraram as altas do Ibovespa, subindo 7,27% após a oferta subsequente (follow-on, em inglês) que marcou a venda da fatia da Petrobras na companhia. Para analistas, a operação é positiva para a BR, uma vez que tira o risco de interferência estatal. Para analistas do Credit Suisse, a ação pode subir 46% em relação ao preço do último fechamento.

Entre as maiores altas também estão as ações da PetroRio (PRIO3), que avançam 5,39% em linha com o petróleo. Já a Rumo (RAIL3) avançou 3,13% no pregão após notícia do Valor de que a empresa avalia unir suas operações portuárias com a Santos Brasil (STBP3), que também registrou alta, subindo 2,66%.

Na ponta negativa, empresas ligadas à tecnologia sofreram com o avanço dos juros futuros, causado pelas incertezas políticas. Locaweb (LWAS3) recuou 3,51%, liderando as perdas do índice, enquanto a Totvs (TOTS3) enfrentou queda de 3,16%.

O movimento ocorre porque o setor de tecnologia como um todo tende a ter uma performance mais fraca com a perspectiva de elevação da taxa de juro. “Todas as empresas de crescimento com exposição maior ao ambiente de tech que depende de financiamento para continuar ampliando suas operações acabam sofrendo”, avalia Henrique Esteter, analista da Guide.

Maiores altas

Maiores quedas

BR DistribuidoraBRDT3

7,20%

LocawebLWSA3

-3,51%

PetroRioPRIO3

5,39%

Lojas RennerLREN3

-3,17%

RumoRAIL3

3,13%

TotvsTOTS3

-3,16%

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