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Ibovespa cai quase 3% em dia de aversão global ao risco; dólar sobe a R$ 5

Apostas de aperto monetário mais duro nos Estados Unidos disparam, apesar de comentários de Jerome Powell

Painel de cotação da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotação da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 5 de maio de 2022 às 17h56.

Última atualização em 5 de maio de 2022 às 18h36.

Ibovespa hoje: a influência negativa dos Estados Unidos derrubou o principal índice da B3 em quase 3% nesta quinta-feira, 5. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a zerar a alta no ano, voltando à casa dos 104 mil pontos. 

  • Ibovespa: - 2,81%, 105.304 pontos

A forte reação respondeu ao ciclo de aperto monetário nos EUA — a taxa de juro no país foi elevada em 0,5 ponto percentual na véspera. No pregão de ontem, os mercados chegaram a reagir positivamente após o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmar que a intensidade do aperto monetário não deveria subir para uma alta de 0,75 p.p. na próxima reunião de junho. 

Mas o alívio foi apenas momentâneo. A alta de preços nos Estados Unidos, que está em 8,5% ao consumidor, segue no centro das preocupações e os principais índices de Nova York — que fecharam o último pregão com altas de mais de 2% — hoje encerraram o dia em forte queda.

O índice de tecnologia Nasdaq, mais dependente de juros baixos na economia americana, teve o pior desempenho de Wall Street, caindo quase 5%. A queda foi a maior já registrada pela bolsa de tecnologia dos Estados Unidos desde junho de 2020.

  • Dow Jones (EUA): - 3,12%
  • S&P 500 (EUA): - 3,56%
  • Nasdaq (EUA): - 4,99%

Apesar das declarações do presidente do Fed, o mercado tem aumentado as apostas de um aperto monetário mais duro na economia americana. O rendimento dos títulos do Tesouro com vencimento em dez anos, que refletem a expectativa de alta de juros para o período, disparam em mais de 17 pontos-base, superando a marca de 3%.

A probabilidade de o Fed ter de subir a taxa de juro em 0,75 p.p. já na reunião de junho saltou de 0%, no início do dia, para 82,9%, segundo o monitor do CME Group. A maior parte das apostas já é de que a taxa de referência do Fed, hoje entre o intervalo de 0,75% e 1%, termine o ano acima de 3%, ainda de acordo com o CME.

O sentimento generalizado de aversão a risco prejudicou as bolsas e fortaleceu o dólar, à medida que investidores buscam opções mais seguras de investimento. Assim, a moeda americana — que havia fechado próximo de R$ 4,90 após o discurso de Powell ontem — nesta quinta dispara e voltou a ser negociado acima de R$ 5.

  • Dólar: + 2,30%, R$ 5,017

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Destaques de ações

A valorização do dólar ajudou a impulsionar as ações de empresas exportadoras e produtoras de commodities. Entre as 91 ações do índice, apenas as siderúrgicas Gerdau (GGBR4) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) e as exportadoras de celulose Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) encerraram o dia em alta.

Para além do dólar, os papéis responderam, principalmente, à temporada de balanços. A Suzano divulgou ontem seus resultados, mostrando uma reversão de prejuízo e um lucro de R$ 10,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano.

Já a Gerdau registrou 19% de alta em seu lucro líquido nos três primeiros meses deste ano. Além disso, a empresa e sua subsidiária, a Gerdau Metalúrgica, anunciaram o pagamento de dividendos, o que ajuda no desempenho das ações.

  • Gerdau Metalúrgica (GOAU4): + 3,63%
  • Suzano (SUZB3): + 2,71%
  • Gerdau (GGBR4): + 2,34%
  • Klabin (KLBN11): + 1,17%

    Entre as quedas, o destaque ficou com os papéis de tecnologia, a exemplo do que ocorreu no mercado americano. A principal baixa foi dos papéis da Totvs (TOTS3), que caíram mais de 11% após o lucro ficar abaixo do esperado pelo mercado.

    O lucro líquido da empresa foi de quase R$ 85 milhões, uma ligeira expansão frente os R$ 81 milhões de igual período de 2021, mas abaixo dos R$ 126 milhões registrados no quarto trimestre.

    • Totvs (TOTS3): - 11,31%
    • Magazine Luiza (MGLU3): - 10,71%
    • Inter (BIDI11): - 9,36%

      Outra ação que se destacou entre as quedas do dia foi a da BRF (BRFS3), que chegou a desabar 12% ainda no início do pregão, após o resultado do primeiro trimestre ser mal recebido por investidores. 

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