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Ibovespa cai 11% em junho e tem pior mês desde o início da pandemia

Índice seguiu humor dos mercados internacionais, que seguem preocupados com uma possível recessão

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 30 de junho de 2022 às 17h24.

Última atualização em 30 de junho de 2022 às 17h38.

Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira encerrou o último pregão de junho em queda de 1%. Nesta quinta-feira, 30, o Ibovespa teve seu terceiro pregão consecutivo no vermelho. 

No mês, o índice acumulou queda de 11% — a pior baixa mensal desde março de 2020, mês de início da pandemia, quando o índice caiu 29,9%. No ano, a queda acumulada é de 5,94%.

Além disso, junho foi marcado por volatilidade. Depois de registrar máximas próximas dos 113 mil pontos logo no início do mês, o Ibovespa iniciou um movimento acelerado de queda e caiu abaixo da marca dos 100 mil pontos. 

A derrocada veio na esteira do desempenho do mercado externo. Por lá, o principal índice americano, o S&P 500, teve o pior desempenho para um primeiro semestre desde 1970. Investidores temem que a economia entre em recessão, pressionados pela batalha dos bancos centrais para conter a inflação.

Nos Estados Unidos, epicentro das tensões, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) subiu a taxa de juro em 0,75 ponto percentual (p.p.) em junho, no maior aperto desde 1994.

“Os juros mais altos corroboram para o combate à inflação, mas podem levar a uma escassez de capital disponível e comprometer o crescimento econômico mundial, ocasionando, inclusive, quadros de recessão”, explica Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.

Os principais índices americanos encerraram o dia em baixa.

  • Dow Jones (Nova York): - 0,80%
  • S&P 500 (Nova York): -0,86%
  • Nasdaq (Nova York): - 1,33%

Além dos mercados internacionais, o Ibovespa também foi penalizado pelo cenário fiscal doméstico. Nas últimas sessões, o foco ficou com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis (16/2022), que passa por votação hoje no Senado. A PEC decreta o estado de emergência até o final do ano para ampliar o pagamento de benefícios sociais e prevê um gasto R$ 38 bilhões.

O temor dos investidores é que esse gasto adicional, que irá ser contabilizado fora do teto de gastos, piore ainda mais as contas públicas brasileiras, contribuindo para um aumento da inflação. 

No câmbio, a conjuntura desfavorável acabou afetando o real frente ao dólar. A moeda americana subiu e chegou a ser negociada a R$ 5,27 na máxima do dia. A sessão também foi marcada pela volatilidade com formação da Ptax de fim de mês e de semestre. Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central, a Ptax é usada como referência para contratos envolvendo negócios em dólar. A Ptax é calculada diariamente, mas costuma ficar mais volátil no último pregão do mês porque essa última taxa será utilizada para contratos cambiais do mês seguinte.

Em junho, o dólar avançou 10,13% ante o real. No entanto, no ano, as perdas contra a moeda brasileira ainda somam 6,41%. 

  • Dólar comercial:  + 0,81%, a R$ 5,23

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Destaques de ações

As commodities também reagiram à ameaça de recessão, com investidores preocupados com a demanda. O preço do petróleo tipo Brent caiu 1,19%, para US$ 114 o barril, prejudicando as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que recuaram mais de 1% nesta quinta-feira.

Por sua vez, o minério de ferro registrou baixa de 0,42% na bolsa chinesa de Dalian, prejudicando os papéis da Vale (VALE3) e das siderúrgicas, que ficaram entre as principais baixas do dia. 

O destaque positivo do dia foram as ações da Fleury (FLRY3) e da Hermes Pardini (PARD3), que anunciaram nesta quinta-feira a combinação de suas operações.

As ações da Fleury dispararam mais de 16% e lideraram as altas do Ibovespa, enquanto as ações da Hermes Pardini, negociadas fora do índice, avançaram quase 19%.

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