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Ibovespa cai 13,9% e já acumula queda de 38% em 2020

Redução dos juros pelo Banco Central americano indica que efeito negativo do coronavírus sobre economia pode ser maior do que o esperado

Mercado de ações: tensão nas bolsas de valores por causa da pandemia continua (Aly Song/Reuters)

Mercado de ações: tensão nas bolsas de valores por causa da pandemia continua (Aly Song/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2020 às 10h11.

Última atualização em 16 de março de 2020 às 17h57.

São Paulo – O Ibovespa despencou 13,92% nesta segunda-feira (16) e encerrou em 71.168 pontos. A queda ocorreu após o corte na taxa de juros americana, realizado de forma extraordinária no domingo, ter adicionado ainda mais pânico sobre os efeitos econômicos do coronavírus. No ano, o principal índice acionário brasileiro acumula queda de 38,46%. 

Pela manhã, bolsa de valores B3 teve as negociações suspensas no início do pregão pelo mecanismo de "circuit breaker" quando a baixa do Ibovespa atingiu 12,5%. Na semana passada, as transações chegaram a ser suspensas quatro vezes em meio aos temores dos efeitos do surto de coronavírus sobre a economia mundial. 

“O mercado está com medo. E qual a racionalidade disso? Nenhuma. O medo e o pânico estão definindo os preços”, afirmou Adriano Candreva, sócio da Portofino Investimentos.

A decisão do Federal Reserve (Fed), banco central americano, de cortar sua taxa de juro para zero na noite de domingo (15) piorou o humor dos investidores ao indicar grande preocupação com esse impacto. Em Nova York, as transações no mercado de ações também foram paralisadas logo cedo hoje por 15 minutos após a baixa do índice S&P 500, que reúne os 500 papéis mais importantes, chegar a 8%. Nesta segunda, o S&P 500 fechou em queda de 11,98% enquanto o Nasdaq Composite e o índice Dow Jones caíram 12,32% e 12,93%, respectivamente.

"O corte de juros foi uma surpresa", diz Luis Sales, analista da corretora Guide Investimentos. "Dá a visão de que o cenário é mais negativo do que estava no preço. Isso acabou gerando pânico no mercado, embora as políticas monetárias possam não surtir efeito. Agora, é mais questão fiscal do que monetária."

Entre as maiores quedas da sessão estiveram as ações da agência de turismo CVC e das companhias aéreas Azul e GOL, que caíram 32,25%, 36,87% e 28,02%, respectivamente. Mais sensíveis aos efeitos do coronavírus, os papéis das três empresas acumulam perdas de mais de 70% desde o início do ano. 

Os investidores estão esperando o anúncio pelo governo brasileiro de medidas para apoiar o setor aéreo até que o surto do coronavírus passe. A Azul já anunciou redução de 50% de sua capacidade até abril devido à diminuição da demanda.

Entre os componentes com mais peso no Iboevspa, as ações ordinárias da Petrobras recuaram 17,21% e as preferenciais, 15%, contribuindo para a queda do índice. Os papéis da petrolífera seguem pressionadas pelo conflito entre Rússia e Arábia Saudita sobre a produção e o preço do barril de petróleo. Nesta segunda (16), o petróleo brent caiu mais de 12%, após a Arábia Saudita anunciar que irá vender por 25 dólares o barril.

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