Mercados

Fintech espera lucrar até 94% com hits do Luan Santana e Gusttavo Lima

Hurst Capital compra participação sobre direitos autorais e disponibiliza investimento por meio de crowdfunding

Luan Santana em performance no Vila Country, em São Paulo (Mauricio Santana/Getty Images)

Luan Santana em performance no Vila Country, em São Paulo (Mauricio Santana/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de julho de 2020 às 18h27.

Última atualização em 22 de julho de 2020 às 11h28.

E se fosse possível ganhar dinheiro com as músicas que escuta no Spotify? Pensando nisso, o presidente da fintech Hurst Capital, Arthur Farache, resolveu estudar a dinâmica da indústria musical até comprar a participação por quatro anos sobre os direitos autorais de 5.600 composições e fonogramas. O valor do aporte foi de cerca de 500.000 reais, que podem se tornar até 969.388 reais pelas previsões da Hurst.

“Foi preciso entender o comportamento dos players e os riscos envolvidos, como em qualquer outra operação financeira. Depois, partimos em busca de artistas e pequenas gravadoras que fossem titulares de suas obras musicais”, conta Farache.

Entre as músicas que compõem a playlist da Hurst, estão algumas de grandes nomes da música brasileira, como Luan Santana, Gusttavo Lima e Victor & Leo. Mas não espere encontrar músicas novas. Como parte da estratégia, Farache preferiu investir naquelas lançadas há pelo menos cinco anos.

“Nesse tempo já há um histórico razoável do fluxo de caixa para entender o comportamento da música. Não são superantigas, mas também não são supernovas. A gente gosta de ter alguma segurança na hora de precificar a música”, afirmou.

Farache também optou por deixar as preferências pessoais de lado e focar o retorno. "Boa parte de nossa carteira é de estilo sertanejo e gospel, mas confesso que não sou grande conhecedor dos estilos", comentou

Com o investimento, a Hurst espera conseguir retornos de 15% ao ano, o que renderia cerca de 75% ao final dos quatro anos de concessão dos direitos autorais. No cenário otimista, que prevê rendimento de 18% ao ano, o valor investido praticamente dobraria, com rentabilidade de 93,88% no período. Na pior das hipóteses, a Hurst prevê 12% de retorno anual, ou 57% em quatro anos.

O lucro sobre o capital investido chega por meio de quatro formas: receita com vendas físicas de CD; execuções públicas, como em academias, shows e estações de rádio; licenças de sincronização, necessária para usar a música em comerciais, filmes, novelas e games; e por plataformas de streaming, que tem ganhado cada vez mais relevância na indústria da música.

A participação do streaming representa mais da metade da receita global da indústria de música, saltando de 14%, em 2015, para 56% em 2019, de acordo com o último relatório anual da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês). Somente a receita vinda de streaming cresceu cerca de 500% no período.

O streaming tem sido a principal alternativa para a indústria musical voltar a crescer, depois de ver as receitas despencar 37% na primeira década do século. Foi a partir daí que o streaming passou a ganhar terreno de forma significativa, fazendo a receita total crescer 36% entre 2011 e 2019 para 20,2 bilhões de dólares.

Embora o mercado brasileiro esteja entre os dez principais do mundo, Arthur Farache espera que a receita com streaming cresça ainda mais por aqui. “É uma frente que está se tornando cada vez mais relevante. La fora, as plataformas de streaming chegam a representar 80% da receita, enquanto no Brasil é abaixo de 50%. Tem espaço para se tornar ainda mais relevante.”

Em meio às mudanças de consumo, Farache enxerga boas oportunidades na indústria de direito sobre propriedade intelectual, em especial a da música. “É um mercado mais pronto. Tem órgãos centralizadores, como o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e as pagadoras de streaming e os agentes econômicos do mercado estão realmente precisando de uma solução. É também uma forma de apoiar os pequenos artistas e compositores a continuar criando.”

Com o portfólio musical já adquirido, a Hurst irá abrir o investimento para o público na noite desta terça-feira, 21, por meio de sua plataforma de crowdfunding. O aporte mínimo será de 10.000 reais e os retornos, mensais.

Acompanhe tudo sobre:Fundos de investimentoIndústria da músicaMercado financeiroMúsicaPrivate equityStreaming

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado