Operadores de ações: sistema é muito parecido com o home broker da bolsa para venda de ações e com o Tesouro Direto, do Tesouro Nacional (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2013 às 10h30.
São Paulo - O home broker de CDBs de bancos menores deve entrar em funcionamento este ano, com estrutura montada pela Cetip, facilitando a compra desses papéis pelos clientes de varejo, afirma Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que reúne as instituições de menor porte do mercado.
Segundo ele, o projeto é da Cetip, mas está sendo acompanhado de perto pela associação por abrir um canal importante de venda de papéis e captação para as instituições. “O sistema deve estar pronto nos próximos quatro ou cinco meses”, estima.
Semelhante ao Tesouro Direto
O home broker de CDBs deverá ser um sistema eletrônico no qual os bancos poderão oferecer seus papéis para os clientes pela internet. O investidor precisará, primeiro, abrir conta em uma corretora ou distribuidora para fazer a compra.
O sistema é muito parecido com o home broker da bolsa para venda de ações e com o Tesouro Direto, do Tesouro Nacional, que vende papéis via internet. As taxas e os valores de aplicação seriam definidos individualmente, por banco.
Compra direta pulverizada
A plataforma eletrônica que está sendo montada pela Cetip permitiria ao cliente comprar CDB diretamente dos bancos que participam do projeto de maneira online, explica Oliva.
“Isso cria uma facilidade grande para o cliente que não é institucional, para a pessoa comum, que pode comprar CDBs de 5, 10, 15 instituições numa única entrada na internet”, diz Oliva, que acredita que a nova estrutura tornará o sistema financeiro mais forte, com uma distribuição mais diluída. “Haverá um maior número de investidores e isso dará maior robustez para o sistema.”
O sistema permitirá valores menores de aplicação, servindo de estímulo para o pequeno investidor. “Ele facilitará a vida desse investidor menor, que poderá comprar vários papéis de R$ 15 mil, R$ 20 mil, R$ 30 mil de vários bancos, sem precisar abrir um cadastro ou conta em cada um deles”, explica Oliva.
O alvo são aplicações dentro do limite do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre as aplicações em CDB e LCI até R$ 70 mil por CPF ou R$ 140 mil por casal. “Isso vai ampliar as opções do pequeno poupador”, diz.
Registro automático na Cetip
Além disso, os CDBs seriam automaticamente registrados na Cetip e, com isso, o FGC poderia agilizar os processos internos para dar maior segurança em casos de necessidade de executar o seguro. Hoje, apenas os CDBs acima de R$ 50 mil são obrigatoriamente registrados na Cetip.
Recentemente, no caso da intervenção no Banco BVA, o FGC teve de adiar os pagamentos de investidores para fazer os cadastros de parte dos CDBs e LCIs vendidos pelo banco e que não estavam registrados na Cetip.
Oliva lembra que, hoje, o sistema financeiro se divide em bancos universais, com grandes redes de agências, e os não universais, sem rede. Os bancos com grande rede têm maior capacidade de oferecer alternativas de investimento para pequenos investidores, o que não acontece nos bancos sem rede.
“Com uma plataforma como essa, os dois grupos passam a ter possiblidades idênticas, e isso representa uma democratização do acesso ao pequeno investidor”, diz.
Maior concorrência de taxas
A democratização, observa, será positiva para todos os lados, especialmente para o pequeno investidor, que se beneficiará da concorrência de taxas e poderá aumentar os ganhos das aplicações. E, ao mesmo tempo, considerando custos menores de captação, o que ele paga para grandes investidores poderá ser repassado para os pequenos. “Hoje, uma aplicação de R$ 500 reais pagaria 70% do CDI e, nessa estrutura, poderia pagar perto de 100% do CDI”, estima.
Oliva destaca que o projeto da plataforma é da Cetip. “A ABBC dá apenas o apoio intelectual e estímulos no sentido de mostrar que o sistema é necessário para o mercado”, explica. A expectativa é começar com cerca de 20 bancos e depois expandir para os demais.
“Todos os bancos com carteira comercial ou carteira de investimentos podem atuar nesse segmento”, afirma. O sistema vai ser também um grande negócio para as corretoras, que já conhecem os clientes e têm capilaridade e presença regional em várias cidades do Brasil, avalia.
Ideal seria garantia de R$ 150 mil
Oliva diz que a ABBC defende um aumento do valor de garantia dos papéis pelo FGC, mas deixa claro que essa decisão não depende só dos bancos de menor porte. “O ideal seria uma cobertura de R$ 150 mil a R$ 250 mil, o que estimularia os bancos a criarem estruturas de captação”, afirma.
Segundo Oliva, instituições menores não têm estrutura para buscar clientes porque o valor de R$ 70 mil é baixo para compensar o custo. “Se a garantia aumentasse para R$ 200 mil, acredito pessoalmente que os bancos montariam estruturas”, diz.
Apesar do desejo da ABBC, Oliva deixa claro que não sabe se há estudos do FGC, dos bancos associados ou do Banco Central para ampliação do valor do seguro de depósitos.