Mercados

Guerra comercial apaga ganhos de moedas emergentes em 2019

Índice de moedas MSCI já acumula queda de 0,5% este ano, revertendo o ganho anual de 2,2% há apenas uma semana

Apelo de ativos de risco diminuiu após Trump anunciar mais tarifas (Priscila Zambotto/Getty Images)

Apelo de ativos de risco diminuiu após Trump anunciar mais tarifas (Priscila Zambotto/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 7 de agosto de 2019 às 15h39.

As moedas de mercados emergentes eliminaram os ganhos de 2019, e as ações podem ir pelo mesmo caminho em breve diante do menor apetite por risco de investidores em meio a uma nova escalada da guerra comercial.

O índice de moedas MSCI já acumula queda de 0,5% este ano, revertendo o ganho anual de 2,2% há apenas uma semana. O índice de ações mostra alta inferior a 0,4%. Mesmo durante o pior momento da onda vendedora em maio, as ações ainda acumulavam alta de 2% no ano.

Apenas quatro das 24 moedas de países em desenvolvimento ainda mostram valorização, em comparação com 11 na última terça-feira, antes de o Federal Reserve reduzir os juros pela primeira vez em mais de uma década. Sete índices de ações usados como referência registram perdas em comparação com quatro índices há duas semanas, depois que a Coreia do Sul, Polônia e Indonésia eliminaram os ganhos.

O apelo de ativos de risco diminuiu depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou mais tarifas e autoridades chinesas permitiram que o yuan rompesse o nível psicológico de 7 por dólar. A mensagem hawkish do Federal Reserve ao reduzir os juros também pesou sobre o humor dos mercados.

Com poucas perspectivas de uma solução rápida para a disputa comercial, investidores e analistas dizem que uma recuperação dos ativos de mercados emergentes não deve ocorrer em breve.

"Fiquem na defensiva"

Estrategistas do Morgan Stanley, que retiraram sua recomendação de compra de moedas de mercados emergentes após a decisão do Fed, agora recomendam que os clientes permaneçam na defensiva. Já o Citigroup diz que é hora de reduzir as apostas arriscadas em países em desenvolvimento. O Société Générale descreve o movimento atual como uma "fase de derretimento".

"Os eventos até agora desta semana apenas aumentaram nossa convicção de que os investidores vão olhar para o risco de seus portfólios", escreveram estrategistas do Morgan Stanley, liderados por James Lord, em nota na terça-feira. "A aversão ao risco chegou ao extremo, mas recomendamos reduzir qualquer aposta em ativos de risco, já que é improvável que o crescimento global e preocupações comerciais mostrem uma melhora em breve."

Para Per Hammarlund, estrategista-chefe de mercados emergentes da SEB, em Estocolmo, a escalada da tensão comercial marca uma "deterioração acentuada" das perspectivas para os mercados emergentes. Ele diz que o peso mexicano, o real, a lira turca e o rand sul-africano estão entre as moedas mais vulneráveis.

"A reação dos mercados provavelmente será de um período prolongado de fraqueza, tanto em moedas quanto em ações de mercados emergentes, à medida que investidores se ajustam às projeções de crescimento mais baixo do PIB e dos lucros", disse Hammarlund.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Países emergentes

Mais de Mercados

Empresa responsável por pane global de tecnologia perde R$ 65 bi e CEO pede "profundas desculpas"

Bolsa brasileira comunica que não foi afetada por apagão global de tecnologia

Ibovespa tem leve alta após governo anunciar R$ 15 bi de corte de gastos; dólar cai

Netflix supera expectativa e registra 277 milhões de assinaturas pelo mundo

Mais na Exame