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Goleada no Brasil desanima mercado de ações, diz UBS

A derrota esmagadora por 7 a 1 pode desferir um golpe na confiança do investidor e do consumidor, segundo autoridade do UBS


	Bovespa: derrota terá um impacto negativo sobre a psique dos brasileiros”
 (REUTERS/Nacho Doce)

Bovespa: derrota terá um impacto negativo sobre a psique dos brasileiros” (REUTERS/Nacho Doce)

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Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2014 às 11h51.

Nova York - O senso comum era que uma derrota do Brasil em casa na Copa do Mundo seria positiva para os mercados financeiros do país. Um revés, dizia o argumento, azedaria o humor nacional e levaria os eleitores a derrubarem a presidente Dilma Rousseff, que afundou a economia na estagflação.

A derrota por 7 a 1 para a Alemanha, ontem, contudo, foi tão esmagadora que derruba essa teoria, segundo Geoffrey Dennis, chefe de estratégia de mercados emergentes do UBS AG, que cobre o Brasil desde o início dos anos 1990.

Sim, a derrota prejudicará as chances de reeleição de Dilma em outubro, mas o resultado desigual ao mesmo tempo pode desferir um golpe na confiança do investidor e do consumidor em um país obcecado por seu esporte nacional, disse ele.

“Trata-se de uma derrota tão humilhante que você fica imaginando se ela terá um impacto negativo sobre a psique dos brasileiros”, disse Dennis, em entrevista por telefone, ontem, de Boston. “Isso confirmará para as pessoas que ‘nossa economia está mal, não conseguimos crescer e nem sequer temos uma seleção de futebol decente’”.

Com os mercados brasileiros fechados hoje por um feriado no estado de São Paulo, o iShares MSCI Brazil Capped ETF subiu 0,5 por cento mais cedo nas negociações em Nova York, enquanto os recibos de depósito americano da Petrobras somavam, 0,4 por cento às 8h17 da manhã também em Nova York.

O Ibovespa subiu 19 por cento em relação à baixa de 14 de março porque a queda na popularidade de Dilma desencadeou a especulação de que uma nova administração assumiria e ajudaria a alavancar a economia.

Desde que Dilma assumiu, em 2011, o crescimento desacelerou para uma taxa média anual de 2 por cento, o ritmo mais lento para um presidente brasileiro desde Fernando Collor, que deixou o cargo em 1992 em meio a acusações de corrupção.

As políticas da presidente, que visavam a reanimar a economia, alimentaram uma inflação anual acima dos 6,5 por cento, o limite máximo da faixa-meta do governo.

Pior derrota

A derrota de ontem, a pior da história da seleção brasileira, acabou com as esperanças do Brasil de superar a tragédia nacional de perder a final da Copa do Mundo de 1950 em casa. O Brasil disputará agora o terceiro lugar do torneio, no dia 12 de julho.

Uma pesquisa do Datafolha publicada em 2 de julho mostrou que 38 por cento dos brasileiros votariam em Dilma na eleição de 3 de outubro, abaixo dos 44 por cento que declararam seu voto na atual presidente em fevereiro. Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira, ou PSDB, teve 20 por cento de apoio.

Milhares de manifestantes protestaram antes da Copa do Mundo, condenando os US$ 11 bilhões em gastos para receber o torneio em um país onde 7,2 milhões de pessoas ainda vivem com US$ 1,25 por dia ou menos. Mais de 1 milhão de pessoas tomaram as ruas no ano passado para protestar contra a inflação, a corrupção e os serviços públicos ruins.

Vaias no estádio

Depois que a seleção brasileira foi massacrada por seus adversários ontem, algumas pessoas que estavam no estádio vaiaram Dilma, que havia prometido organizar a “Copa das Copas”.

Ela escreveu em sua conta no Twitter que estava triste pela derrota, usando também a letra de uma canção popular brasileira para exortar o país a superar a perda.

Para Dilma, o jogo pode acabar custando a eleição, o que, em compensação, impulsionará um aumento de 25 por cento nas ações brasileiras, segundo Alberto Bernal, diretor de pesquisa da Bulltick Capital Markets.

“Isso vai ser catastrófico para o sentimento nacional”, disse Bernal, por telefone, ontem, de Miami. “Se o mercado vir a possibilidade de Dilma não se reeleger, subirá fortemente”.

Dennis, que nasceu no Reino Unido e torceu para a Alemanha porque seus netos moram lá, disse que a carga psicológica da derrota sobre os brasileiros pode demorar um tempo para ser superada.

“Eu não acho que esse resultado leve a um aumento instintivo nos mercados”, disse Dennis. “O Brasil tem que superar essa enorme perda”.

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