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George Soros entra em saia justa por comprar carvão "letal"

Defensor declarado de fontes renováveis, bilionário surpreende ao comprar ações de empresas de carvão, que um dia demonizou como "letal" ao clima


	 Soros: bilionário surpreende ao comprar ações de empresas de carvão, que já demonizou como "letal" ao clima
 (Getty Images/Thinkstock)

Soros: bilionário surpreende ao comprar ações de empresas de carvão, que já demonizou como "letal" ao clima (Getty Images/Thinkstock)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 20 de agosto de 2015 às 10h11.

São Paulo - Uma divulgação de registros da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos (correspondente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil), colocou o megainvestidor e filantropo George Soros, de 84 anos, numa saia justa de "proporções climáticas".

Entre abril e junho deste ano, o Soros Fund Management (SFM) comprou mais de 1 milhão de ações da Peabody (US$ 2,25 milhões), a maior empresa privada de carvão mineral do mundo, e outras 500 mil ações da Arch (US$ 188 mil), uma das cinco maiores empresas do setor.

A investida causou surpresa. Soros é um colaborador financeiro de longa data de candidatos e causas liberais, advogando inclusive contra o uso de combustíveis fósseis e a favor das energias renováveis.

Em 2009, depois de ser convencido pelo ecologista e político norte-americano Al Gore da urgência do desafio climático, ele se comprometeu a investir US$ 1 bilhão de seu próprio bolso em energia renovável.

De quebra, o bilionário ainda financiou o thinktank Iniciativa Política Climática (CPI na sigla em inglês), entidade americana especializada em questões de mudanças climáticas.

Na época, Soros  cravou uma frase inesquecível: "Não há nenhuma bala mágica para a mudança climática, mas há uma bala letal: o carvão"

Em outubro de 2014, o thinktank financiado por ele publicou um relatório dizendo que o mundo poderia poupar US$ 1,8 trilhão ao longo dos próximos 20 anos, se deslocasse a geração elétrica do carvão para a energia limpa.

Agora, a pergunta óbvia: por que o bilionário de repente resolveu comprar ações de empresas que um dia já demonizou?

"Não há nenhuma bala mágica para a mudança climática, mas há uma bala letal: o carvão" George Soros, investidor e filantropo

Em se tratando de Soros, especulação é, naturalmente, uma das hipóteses. Em entrevista ao The Guardian, Dan Lowrey, analista de carvão da SNL Energy, ressaltou que o investimento feito no setor foi pequeno em relação à vasta riqueza de Soros, sinalizando um caráter meramente especulativo - ainda que inconsistente com as declarações do filantropo.

Ele também lembrou que Soros chegou a possuir ações da Peabody e Arch entre 2011 e 2012.

"Pelos preços das ações atuais, pouco acima de US$ 1, esses investimentos podem até ser vistos como opções de ações, ou uma pequena aposta na recuperação dos preços mundiais do carvão", disse o analista ao jornal.

"É possível que Soros esteja de olho no 'pulo de gato morto' dessas ações", opina Steve Milloy um ex-executivo da indústria do carvão, em seu blog.

O tal "pulo" (do inglês "death cat bounce") é um termo do mercado de ações que designa a recuperação temporária dos preços das ações num mercado cujos preços estão baixos.

Mas, pondera Milloy, "eu duvido que o Soros, astuto, tenha interesse em ganhar apenas alguns milhões de dólares sobre estes investimentos".

Pois é, e se considerar que o gato tem mais de sete vidas...

"George Soros gastou milhões de dólares e vários anos para fazer o preço do carvão baixar", disse à FoxNews H. Sterling Burnett, pesquisador e editor-chefe no Instituto Heartland, uma das organizações mais ativas nos EUA na contestação às evidências da influência humana sobre o aquecimento global.

"Se ele compra ações suficientes para ter controle dessas empresas de carvão a ponto de levá-las ao fechamento, aí podemos aceitar que ele é um verdadeiro crente, que o seu investimento era para combater as mudanças climáticas e salvar o meio ambiente", ironizou.

A conferir.

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