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Fundos de ações brasileiros perdem rali no quintal de casa

Fundos de ações brasileiros perderam a onda de alta na Bovespa e agora correm atrás do prejuízo, enquanto estrangeiros se preparam para sair do mercado


	Operadores na Bovespa: enquanto estrangeiros se preparam para tirar investimentos do país, fundos brasileiros começam a aportar recursos
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Operadores na Bovespa: enquanto estrangeiros se preparam para tirar investimentos do país, fundos brasileiros começam a aportar recursos (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2016 às 13h37.

Os fundos de ações brasileiros têm perdido o maior rali do mundo neste ano e estão correndo agora para a Bolsa local, em um movimento que, segundo alguns analistas e investidores, sustentará o mercado com a saída dos investidores estrangeiros.

Menos de um quinto dos fundos de ações com sede no Brasil teve desempenho superior aos 35 por centro do Ibovespa em 2016, a menor parcela desde 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Enquanto os investidores locais se retraíam, os estrangeiros aplicaram US$ 15,7 bilhões (US$ 4,3 bilhões) no Brasil neste ano com o otimismo de que a presidente Dilma Rousseff será destituída do cargo, abrindo caminho para que um novo governo reduza o déficit do orçamento e reanime a economia.

Essa dinâmica está começando a mudar.

Os estrangeiros retiraram R$ 1,5 bilhão das ações brasileiras em agosto, a primeira saída líquida em três meses, de acordo com a BM&FBovespa.

A bolsa não divulga as compras de cada fundo de investimento, mas seus dados mostram que os investidores pessoa física respondem agora por 20 por cento de todas as transações, maior porcentagem em dois anos.

“Eles estão correndo para comprar”, disse Guilherme Affonso Ferreira, sócio da Teorema Investimentos, que tem sede em São Paulo e administra cerca de R$ 300 milhões. “Os clientes começaram a perguntar por sua fatia no rali”.

Os fundos de Ferreira superaram o Ibovespa neste ano. Para ele, a visão próxima do brasileiro sobre o desenrolar do caos político fez muitos investidores locais ficarem de fora. Não se sabe se esses mesmos investidores ainda terão tempo de embarcar no rali.

Fundos como a Rio Bravo Investimentos e o Goldman Sachs dizem que o otimismo em torno do afastamento de Dilma, que o Senado deverá tornar definitivo em votação prevista para esta semana, está em grande parte precificado.

Dilma teve seu mandato suspenso em meados de maio, sendo substituída provisoriamente pelo vice-presidente Michel Temer enquanto ela enfrenta um julgamento de impeachment por acusações de má administração do orçamento federal.

Os investidores aplaudiram quando Temer reuniu uma equipe econômica mais favorável ao mercado, liderada pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ex-economista do Itaú Unibanco, mas agora querem ver as propostas virarem realidade.

James Gulbrandsen, que ajuda a administrar R$ 600 milhões em ações latino-americanas como gerente de portfólio da NCH Capital no Brasil, está entre os que perderam parte dos ganhos e por isso mudou de estratégia, passando a apostar que a confiança maior na recuperação ajudará a sustentar o índice, já negociado perto do nível mais elevado em dois anos.

Ele está dando preferência a empresas com valor de mercado menor a US$ 1 bilhão, calculando que elas têm mais espaço para subir do que as grandes empresas, que registraram alguns dos maiores ganhos deste ano.

“Estou muito otimista de que o rali depois da mudança de governo poderá durar anos com o avanço das reformas”, disse Gulbrandsen. “Estamos posicionados para participar do enorme rali que projetamos”.

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