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Fundos andinos lideram demanda por títulos externos em real

Investidores da América Latina fazem pedido da primeira emissão internacional de títulos em real após 3 anos

Barclays e Deutsche Bank ficaram surpresos com demanda andina de títulos em real (Getty Images)

Barclays e Deutsche Bank ficaram surpresos com demanda andina de títulos em real (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2010 às 10h38.

Nova York - Quando profissionais do Deutsche Bank AG e do Barclays Plc estavam recebendo na semana passada pedidos para a primeira emissão internacional de títulos atrelados ao real em três anos, eles descobriram uma nova fonte de demanda: fundos de pensão da América Latina.

“Nós nunca tínhamos visto esses investidores em operações mundiais em moeda local”, disse Dennis Eisele, diretor do Deutsche Bank em Nova York, banco que coordenou este ano o maior volume de ofertas internacionais de bônus da América Latina. Segundo ele, investidores colombianos, peruanos e chilenos foram responsáveis por uma quantia “importante” dos quase R$ 3,5 bilhões em pedidos. “É bastante demanda”, disse ele.

O Brasil captou R$ 1,1 bilhão com a emissão de títulos com vencimento em 2028 a uma taxa de 8,85 por cento, pelo menos 200 pontos-base, ou 2 pontos percentuais, acima do rendimento dos papéis em moeda local de cinco outros países com grau de investimento da América Latina.

Bônus denominados em reais emitidos no exterior são comprados tipicamente por investidores dos Estados Unidos, Europa e Japão em busca de alternativas aos juros próximos de zero em seus países. A expansão econômica do Brasil, que pode ser este ano a mais forte em mais de duas décadas, está despertando o interesse de fundos latino-americanos obrigados a procurar ativos de prazo mais longo além de suas fronteiras, de acordo com o Barclays, décimo colocado no ranking de coordenadores de emissões de dívida da América Latina este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Trata-se de uma combinação entre o crédito brasileiro e o crescimento do sistema de fundos de pensão na América Latina”, disse Fabianna Del Canto, que trabalha na mesa de sindicalização de títulos de mercados emergentes no Barclays em Londres, numa entrevista por telefone.


Ativos em alta

Os ativos dos fundos de pensão do Chile, Colômbia e Peru cresceram mais de 80 por cento desde 2005, impulsionados em parte pela expansão nas exportações de commodities e pela acelaração do crescimento econômico.

No Chile, as aplicações desses fundos saltaram de US$ 73 bilhões em 2005, para US$ 138 bilhões. Na Colômbia, os investimentos dos fundos de pensão mais que dobraram para US$ 49,7 bilhões, contra US$ 20,1 bilhões em 2005. Os dados são de autoridades do mercado financeiro dos dois países. No Peru, os fundos de pensão elevaram seus investimentos de US$ 11,6 bilhões para US$ 28,8 bilhões no mesmo período.

Já o total de ativos administrados pelos 100 maiores fundos de pensão dos Estados Unidos diminuiu 3,7 por cento desde 2005 para US$ 2,35 trilhões, segundo o Censo daquele país.

No Chile, onde a taxa básica de juros de 2,75 por cento é 800 pontos-base inferior à Selic de 10,75 por cento, investimentos estrangeiros respondem por 46 por cento dos ativos dos fundos de pensão, contra 29 por cento em 2005. No Peru, onde o juro básico é 3 por cento, os investimentos estrangeiros dos fundos de aposentadoria passaram a representar 26 por cento dos ativos, contra 9,5 por cento em setembro de 2005, de acordo com dados de órgãos reguladores.

“O título soberano do Brasil é muito bom e seu spread sobre os títulos do Tesouro americano no momento é atraente para os níveis de risco”, disse Gonzalo Camargo, que supervisiona US$ 6,8 bilhões em Lima na AFP Horizonte, terceiro maior fundo de pensão do Peru. “A taxa e o carregamento que os bônus pagam são muito atraentes e nós estamos diversificando nossa carteira.”

Camargo se recusou a dizer se comprou papéis da oferta brasileira.

O rendimento adicional exigido pelos investidores para deter títulos em dólar do governo brasileiro em vez de papéis do Tesouro americano subiu 11 pontos-base na semana passada para 183, de acordo com índices do JPMorgan Chase & Co.

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