Fundo ESG supera 99% dos rivais com aposta gigante na Nvidia
Swedbank Robur Technology é o fundo registrado como ESG mais exposto à empresa de chips mais valiosa do mundo
Agência de notícias
Publicado em 4 de junho de 2023 às 14h08.
O fundo ESG com a maior exposição à empresa de chips Nvidia acaba de superar 99% dos rivais. A alta ocorre em meio às apostas em inteligência artificial que transformam o destino de portfólios dos fundos que promovem princípios ambientais, sociais e de governança.
Com uma participação de US$ 830 milhões na Nvidia, o Swedbank Robur Technology é o fundo registrado como ESG mais exposto à empresa de chips mais valiosa do mundo, de acordo com os dados mais recentes compilados pela Bloomberg. Isso em um universo de cerca de 1.300 fundos ESG com exposição à Nvidia, mostram os dados. O fundo Swedbank Robur, com ativos de US$ 10,5 bilhões, subiu 20% somente no mês passado, superando 99% dos pares. No acumulado do ano, a valorização é de 40%.
Kristofer Barrett, que administra o fundo em Estocolmo, diz que tenta não ser arrastado pela nova onda, porque há muitas evidências de que os mercados podem ser “irracionais”. O fundo de tecnologia sob sua gestão, registrado na categoria do Artigo 8 na UE, o que significa que “promove” padrões ESG, investe na Nvidia desde 2016.
“Resumindo, por causa da eficiência, produtividade, coisas assim, a IA será boa para a sociedade”, disse Barrett.
Depois de elevar sua capitalização em quase um terço na esteira de uma previsão de receita surpreendentemente forte na semana passada, a Nvidia se recuperava na quinta-feira, depois de cair 5,7% na sessão anterior. Investidores reagiram a outros segmentos da indústria de IA, onde números mais fracos do que o estimado trouxeram um senso de cautela após dias de ganhos ininterruptos.
Barrett vê “grandes oportunidades tanto no lado da compra quanto no lado da venda, enquanto os fundamentos mudam muito mais lentamente”, disse. “Como em tudo, onde os ‘valuations’ mudam, há riscos.”
Há tempos que a indústria de fundos ESG tem grande exposição à tecnologia, vista por investidores como um caminho fácil para portfólios de baixo CO2. Durante a pandemia, essa aposta valeu a pena, pois os juros baixos e as políticas globais de trabalho remoto impulsionaram o setor. Mas, no ano passado, tudo mudou. Taxas mais altas e uma crise de fornecimento de energia causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia reverteram os ganhos da aposta em tecnologia, o que gerou um debate polarizado sobre o futuro do ESG.
O próximo ciclo
Agora, o pêndulo parece balançar novamente. Os fundos ESG de melhor desempenho do mundo este ano registraram retornos superiores a 30% e estão repletos de empresas de tecnologia, desde gigantes tradicionais como a Microsoft até nomes mais novos em energias renováveis, inteligência artificial e semicondutores, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
De fato, tecnologia é de longe o setor de maior peso nos chamados fundos do Artigo 9, a principal designação ESG da União Europeia, de acordo com uma análise da Bloomberg Intelligence que analisou as 60 ações mais presentes nos portfólios.
Além do fundo Swedbank Robur, as maiores exposições de portfólios ESG à Nvidia são de um fundo de índice com ativos de US$ 8,2 bilhões administrado pela BlackRock, o iShares MSCI USA SRI UCITS. Há também um fundo de tecnologia de US$ 8 bilhões administrado pela Franklin Resources, de acordo com os dados mais recentes compilados pela Bloomberg.
A exposição do ESG à tecnologia agora ajuda o segmento a superar os fundos tradicionais, disse Joachim Klement, estrategista da Liberum Capital. Mas as características ESG de tais investimentos são questionáveis, afirmou. Isso ocorre porque, com a ascensão da IA, os aplicativos com uso intensivo de computação serão mais populares, o que implica um aumento no consumo de energia.
“Enquanto as fazendas de servidores e computadores que executam aplicativos de IA não forem operadas com energia renovável, isso é uma má notícia para o meio ambiente, pois o ‘boom’ da IA implica uma demanda maior por eletricidade gerada com combustíveis fósseis”, disse,
Em todos os seus portfólios ESG, o Swedbank, controlador da unidade que administra o fundo Swedbank Robur Technology, detém mais de US$ 1,4 bilhão em ações da Nvidia, de acordo com os últimos dados disponíveis da Bloomberg. A exposição da BlackRock por meio de fundos ESG é de cerca de US$ 3,6 bilhões no total, enquanto o Crédit Agricole tem cerca de US$ 1,8 bilhão por meio de sua divisão de investimentos ESG.
Veja também