(Rodolfo Buhrer/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 07h17.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 07h17.
Fevereiro começa nesta terça-feira, dia 1º, com futuros dos índices de Nova York em leve queda, bolsas europeias em alta, e a expectativa de continuidade de correção dos preços das ações depois do pior mês em Wall Street desde o início da pandemia, em março de 2020.
S&P 500 e Nasdaq registraram fortes ganhos no último dia de janeiro, de 1,9% e 3,4%, respectivamente, amenizando em alguma medida o mês de janeiro com desempenho mais negativo desde 2009, na crise financeira global.
No Brasil, o evento do dia será a aguardada precificação do follow-on da BRF (BRFS3), que pode movimentar até 7,3 bilhões de reais considerando a colocação de lote adicional e o preço de fechamento da segunda-feira, de 22,33 reais.
A expectativa ainda será sobre a participação de Marcos Molina e da Marfrig (MRFG3), que no limite podem conseguir elevar a sua participação para mais da metade das ações da gigante de carnes. A empresa controlada pelo empresário informou ao mercado que obteve aprovação do seu conselho de administração para entrar na oferta.
No mercado externo, a divulgação dos resultados de algumas das maiores companhias do mundo deve dar o tom das negociações. O balanço mais aguardado é o da Alphabet, a holding do Google. A expectativa é que a companhia avaliada em 1,78 trilhão de dólares apresente 72,2 bilhões de dólares de receita no quarto trimestre.
A petrolífera ExxonMobil, segundo indicam as estimativas de mercado, pode ter receita superior à da gigante de tecnologia, atingindo 85 bilhões de dólares. O montante, se confirmado, será o dobro dos 46,5 bilhões de dólares de receita apresentado no mesmo período de 2020, antes de o petróleo subir 50%, em 2021.
Entre os principais resultados do dia ainda estarão os da GM, da AMD, do PayPal, do Starbucks e da Gilead.
No radar dos investidores também estarão os dados de inflação ao produtor brasileiro para o mês de dezembro, que será divulgado às 9h pelo IBGE. O Índice de Preço a Produtor de novembro ficou em 1,31%.
A inflação tem sido uma das maiores preocupações do mercado. No último boletim Focus, divulgado ontem, analistas de mercado voltaram a revisar para cima as estimativas para o IPCA de 2022, que passou de 5,15% para 5,38%, após o IPCA-15 de janeiro ter superado o consenso.
O IPCA de 2023 foi revisado de 3,40% para 3,50%, afastando-se do centro da meta de 3% para o ano.
As expectativas de inflação e as pressões sobre os preços acima do esperado tem levado investidores a reforçarem a perspectiva de altas de juros mais duras no país.
Para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa hoje e termina amanhã, o mercado espera uma alta de 1,5 ponto percentual, com a taxa Selic passando de 9,25% para 10,75% ao ano.
Enquanto o mercado americano já está no meio de sua temporada de balanços do quarto trimestre, o período que marca a divulgação dos principais resultados corporativos se inicia nesta terça no Brasil. A primeira empresa a apresentar seus números será a Romi (ROMI3), com balanço previsto para o fim do dia, após o encerramento do pregão.
A Romi é especializada na produção de peças de ferro fundido e de máquinas de processamento de plástico. A empresa teve 66% de crescimento do Ebitda e 54,8% em sua carteira de pedidos na comparação com o terceiro trimestre de 2020.
Na bolsa, os papéis da companhia acumulam mais de 50% de queda em relação às máximas de 2021, quando chegou a dobrar de preço no início do ano. Mesmo com a queda, o ativo acumula cerca de 450% de alta nos últimos cinco anos.
A temporada de resultados esquenta com os números de Cielo (CIEL3) e Santander (SANB11), ambos amanhã, dia 2. O Santander irá divulgar o balanço antes do pregão. Portanto, as expectativas sobre o resultado do banco, que será o primeiro entre os grandes do país, pode levar a uma maior movimentação de seus papéis já nesta terça.
A estimativa de analistas do BTG Pactual (BPAC11) é a de que o lucro do Santander fique em 4,2 bilhões de reais, com crescimento de 14,9% na comparação anual. A evolução do resultado, segundo a estimativa, deve ser a segunda menor entre os grandes bancos, à frente apenas da do Itaú (ITUB4), para o qual é esperado uma contração de 9,6%.
Os analistas esperam que os lucros de Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) tenham aumentado em 22% e 51,3% na base anual, respectivamente.