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Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2013 às 11h46.
São Paulo - A mudança de direção na política monetária dos Estados Unidos provavelmente vai manter as moedas latino-americanas mais desvalorizadas no mínimo pelo próximo ano, mostrou nesta quarta-feira pesquisa da Reuters.
O levantamento, que foi realizado entre segunda e terça-feira, antes da decisão do governo de zerar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em investimentos estrangeiros em renda fixa no Brasil, mostrou revisão significativa das projeções para as cinco principais moedas latino-americanas após o Federal Reserve, banco central norte-americano, começar a discutir a retirada de parte dos estímulos à economia.
Moedas como o real e o peso chileno, que perderam mais de 5 por cento em questão de semanas, devem ficar longe dos níveis em que eram cotadas há até pouco tempo, de acordo com a pesquisa.
As revisões mais brandas aconteceram para o peso mexicano, influenciado pelo otimismo com as reformas econômicas no país, e o sol peruano.
O dólar no Brasil deve ser cotado a 2,10 reais daqui a 12 meses, de acordo com a mediana das estimativas de 21 analistas consultados pela Reuters. A cotação é 4 por cento maior que na pesquisa anterior, em maio, e está no atual nível desta quarta-feira.
Somente em maio, o dólar registrou valorização de 7 por cento sobre o real.
"A deterioração da conta corrente ajuda também", disse a economista da BNY Mellon ARX Investimentos, no Rio de Janeiro, Camila Monteiro. "Mas você vê todas as moedas emergentes sofrendo, um movimento global de valorização do dólar."
O peso mexicano , que perdeu cerca de 7 por cento nas últimas três semanas para cerca de 12,70 por dólar, deve reverter apenas parte dessa desvalorização nos próximos 12 meses, voltando para 12,25, de acordo com a mediana de 17 analistas. Há um mês, a moeda mexicana era projetada a 11,965 por dólar --recorde desde 2011, na época.
Uma moeda mais desvalorizada ajudaria países como o Brasil a recuperar competitividade e estimular o crescimento da economia por meio das exportações. No entanto, também aumenta a inflação, limitando o espaço para cortes adicionais do juro no México, de acordo com alguns analistas.
O maior impacto sobre as moedas da região veio dos Estados Unidos. O Fed, que tem comprado 85 bilhões de dólares por mês em títulos do Tesouro e ativos ligados a hipotecas, começou a discutir a retirada desses estímulos nos próximos meses à medida que o emprego começa a melhorar.
Parte desses dólares tem ido a economias emergentes, onde investidores buscam ativos com maior retorno. Mas a simples menção à redução dos estímulos nos Estados Unidos elevou os juros dos títulos de longo prazo, atraindo de volta parte desse capital.
O movimento pegou analistas de surpresa: há até poucos meses, a visão predominante era de que os governos da América Latina teriam trabalho este ano para evitar a queda, e não a alta, do dólar.
"A alta do dólar na semana passada consolidou a ideia de uma mudança de tendência no peso chileno", disse o gerente de operações da Capital FX, em Santiago, Martin Ferrer.
Os resultados da pesquisa corroboram a opinião do diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, que disse na terça-feira que o Brasil terá de conviver com um câmbio mais fraco se a depreciação do real estiver em linha com a de outras moedas.
A volatilidade nas moedas da região aumentou tanto nas últimas semanas que muitos analistas optaram por não divulgar projeções neste mês enquanto ainda revisam seus cenários.