Álbum da Copa do Mundo Panini 2022 (Panini/Reprodução)
As figurinhas Panini da Copa do Mundo de 2022 começaram a ser vendidas neste final de semana, e já se tornaram o objeto dos desejos de milhões de crianças e adultos.
Mesmo se os preços de álbum e figurinhas da Panini estão bem mais altos do que na última edição, em 2018, a tradição de colecionar os protagonistas da Copa do Mundo continua muito forte. Tanto que o lançamento do álbum se tornou manchete nos principais veículos de comunicação brasileiros.
Uma tradição que começou há mais de sessenta anos, quando dois irmãos, Giuseppe e Bruno Panini, fundaram a empresa homônima na cidade de Modena, na Itália.
Os dois já possuíam uma banca e uma agência de distribuição de jornais, e decidiram produzir figurinhas dos jogadores de futebol da primeira divisão do Campeonato Italiano, a Série A.
Na capa da primeira edição do álbum foi escolhida uma atuação aérea do jogador do Milan, Nils Liedholm, que se tornou o logo permanente do produto. Enquanto a primeira figurinha impressa foi a de Bruno Bolchi, então capitão do Inter de Milão na época.
Foi um sucesso imediato, com uma demanda enorme por parte de colecionadores de todas as idades. Tanto que, logo em seguida, a Panini começou a imprimir álbuns com times e jogadores da Série B e C, além de criar álbuns dedicados à Copa do Mundo e Eurocopa.
Em 1963, dois outros irmãos da família Panini, Umberto e Franco, assumiram a direção dos negócios, que cresceram rapidamente ao longo das décadas seguintes.
Na época, as figuras eram apenas fotografias em preto e branco coloridas à mão, sem cola atrás.
Mas isso pouco importava para os torcedores: em anos onde a televisão ainda era uma raridade e as competições era ouvidas apenas no rádio, finalmente os jogadores de futebol começaram a ganhar um rosto.
Na década de 1970, as figurinhas ganharam o autoadesivo, facilitando sua colocação dentro dos álbuns. E foram introduzidas figurinhas dos treinadores, fotos de grupo dos times, panorâmicas dos estádios, e até uma seção dedicada aos juízes de futebol.
A empresa cresceu tão rapidamente que naquela década um grupo de investidores italianos cogitou abrir seu capital na Bolsa de Valores de Milão.
Os irmãos Panini, todavia, preferiram vender o controle da empresa para o grupo inglês Maxwell, em 1988. Um erro quase fatal para a fabricante de figurinhas.
A gestão italiana foi completamente substituída por executivos estrangeiros, com um CEO australiano que falava apenas inglês, sem nenhuma experiência com o negócio.
Inciou um declínio que levou a empresa à beira da falência em 1992, forçando os britânicos a vender o grupo para a italiana De Agostini, editora de publicações educativas e científicas.
Os anos 1990 foram um período difícil para a Panini. A compra e venda de jogadores durante os Campeonatos se tornou tão frenética que a produtora mal conseguia acompanhar as mudanças de times imprimindo novas figurinhas. Isso gerou uma consequente redução do interesse por parte dos colecionadores.
Além disso, uma série de mudanças de propriedade ao longo de toda a década dificultaram a gestão.
Entretanto, em poucos anos a Panini conseguiu reagir e se manter no mercado, investindo em novas tecnologias e inovações, como álbuns dedicados ao futebol feminino e juvenil, e coleções virtuais de figurinhas, além de diversificar com álbuns dedicados a filmes e super-heróis, voltando a conquistar novamente os gostos dos colecionadores.
A empresa cresceu tanto, que 2013 comprou da Disney os direitos de publicar os quadrinhos de Mickey Mouse. No Brasil, a Panini se tornou a editora dos gibis da Turma da Mônica.
Hoje a Panini continua sediada na cidade de Modena, fatura cerca de 800 milhões de euros por ano (cerca de R$ 4,5 bilhões) e se tornou a quarta maior editora da Europa no setor infantil, além de desenvolver inúmeras iniciativas no setor de mídias, e produz mais de cinco milhões de figurinhas por ano, com cinquenta coleções de álbuns diferentes.