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Fed terá que causar 'alguma dor' para controlar a inflação, diz William Dudley

Ex-presidente do Federal Reserve de Nova York acredita que alta de juros dos Estados Unidos será mais prolongada do que o mercado espera

William Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York (Scott Eells//Bloomberg)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 18 de agosto de 2022 às 12h45.

Última atualização em 18 de agosto de 2022 às 12h55.

Até onde, até quando e em qual ritmo o Federal Reserve (Fed) irá subir suas taxas de juros se tornaram algumas das principais dúvidas do mercado global diante da maior inflação americana em quatro décadas.

Sinalizações de um aperto monetário mais suave a partir da próxima reunião, em setembro, serviram de gatilho para o rali para ativos de risco nas últimas semanas. Mas ainda é muito cedo para cravar a magnitude da alta, segundo William Dudley, ex-presidente do Federal Reserve de Nova York.

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“A possibilidade de o Fed reduzir o ritmo em setembro, com uma alta não de 75 pontos base, mas de 50 pontos, realmente vai depender dos dados que serão divulgados até lá”, afirmou Dudley nesta quinta-feira, 18, em sua participação no evento MacroDay, do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame).

Dudley foi peça central do primeiro painel do evento e a mensagem que quis passar é de que, independentemente do tamanho da próxima alta de juros, o Fed terá que causar alguma “dor” na economia americana para domar a inflação.

“As pessoas acreditam que o Fed irá controlar a inflação. Mas para isso o Fed precisa fazer seu trabalho. A inflação não vai voltar a 2% de graça. É preciso puxar a política monetária a ponto de causar alguma dor.”

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Credibilidade do Fed

Dudley ressaltou ainda a importância de o Fed não perder a credibilidade de que irá controlar a inflação. Caso contrário, o aperto monetário poderia ser “muito, muito” mais duro. Segundo ele, a confiança de que, em algum ponto, a alta de preços será contida, tem sido fundamental no controle da inflação de salários.

Ainda que acima da média histórica, o salário médio do trabalhador americano tem crescido menos do que a inflação ao consumidor. Em agosto, a alta anual foi de 5,2% contra 8,5% do Índice de Preço ao Consumidor.

Mas o processo de alta dos salários, segundo Dudley, ainda não chegou ao ponto de desaceleração. “A inflação passada ainda será compensada nos próximos pagamentos. Mas não acredito em uma crise de salários, porque o Fed ainda tem as expectativas de inflação ancoradas”, afirmou.

Apesar de toda a credibilidade, Dudley acredita que as recentes comunicações do Fed têm subestimado o "tamanho do trabalho que ainda há para ser feito" para controlar a inflação. “O Fed ainda tem muito o que fazer.”

Segundo Dudley, o controle da inflação não será somente mais lento do que o esperado por parte do mercado, como o ciclo de alta de juros também será mais demorado do que as projeções indicam.

“Eles [membros do Fed] estiveram um pouco lento, em termos do aperto [monetário], e um pouco otimistas demais. Mas até agora, as pessoas ainda estão confiantes de que estão fazendo as coisas corretas. Tenho esperanças de que estejam certas”, disse Dudley.

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