Fábrica da Cosan em Jataí, GO: na semana passada, após um ano e meio de negociações, a entrada da Cosan no controle da ALL foi enterrada (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2013 às 10h04.
Rio de Janeiro - O diretor financeiro da operadora ferroviária América Latina Logística (ALL), Rodrigo Campos, disse, na terça-feira, 20, que a venda de participação acionária para a Cosan geraria um conflito de interesse entre as companhias e demandaria uma estrutura de governança específica. Ele lembra que a gigante de combustíveis, capitaneada pelo empresário Rubens Ometto, é cliente relevante da ALL. Obviamente, o fato de ser cliente e também acionista sempre gera conflito, afirmou.
Na semana passada, após um ano e meio de negociações, a entrada da produtora de açúcar e etanol no controle da ALL foi enterrada. Segundo Campos, não houve unanimidade entre os acionistas, o que seria fundamental no caso de um cliente se tornar controlador.
A governança demandaria que todos estivessem de acordo, disse, em seminário promovido pela Associação dos Analistas e profissionais de investimento do mercado de capitais (Apimec). Não participei do processo, mas houve essa discussão (governança).
Dois acionistas do bloco de controle da Cosan anunciaram, em fevereiro de 2012, intenção de vender participação de 5,6% para a Cosan, por R$ 896 milhões. A participação seria suficiente para a Cosan ter 51% do bloco de controle da ALL (o bloco de controle responde por 11% das ações da empresa).
A oferta foi acertada pela Cosan com os acionistas Riccardo Arduini e Wilson de Lara. BNDES, Previ e Funcef estão entre os demais acionistas com participação relevante, mas minoritária no bloco de controle.
Campos descartou a necessidade de um aumento de capital para a companhia, mesmo após o fracasso das negociações com a Cosan. O executivo informou que a empresa prevê, nos próximos cinco anos, crescer 10% ao ano. Sobre os leilões de ferrovias previstos para 2014, o diretor disse que, em princípio, a ALL gostaria de expandir negócios como operadora de trens, e não de ferrovia.
Argentina
Apesar de a saída da Argentina - após a presidente Cristina Kirchner ter cassado duas concessões da empresa no país - ter feito a ALL fechar o segundo trimestre no vermelho, o diretor financeiro da companhia diz considerar a saída do mercado argentino como positiva, já que as perspectivas para a operação não eram boas.
Segundo Campos, a ALL tinha intenção de sair do país desde o início de 2012, pois as operações no país não cresciam, demandavam caixa e tinham prazo de concessão mais curto do que as do Brasil. A saída da Argentina acaba sendo uma notícia boa.
O executivo afirmou que o segundo semestre começa favorável em termos de mercado para a empresa por causa da expectativa de crescimento da safra de milho. Por outro lado, Campos acrescentou que restrições de capacidade nos portos verificadas no segundo trimestre, que impactaram negativamente a companhia, devem se estender pelo terceiro trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.