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Euforia com impeachment no Brasil cega operadores de títulos

Euforia com a capacidade de Temer de alavancar o crescimento econômico motiva investidores a fazerem "aposta cega" em títulos da Vale e da Petrobras


	Dívidas empresariais: S&P tem perspectiva negativa para mais de 60% das empresas tomadoras de crédito no Brasil, mas isso não freou investimento
 (Getty Images)

Dívidas empresariais: S&P tem perspectiva negativa para mais de 60% das empresas tomadoras de crédito no Brasil, mas isso não freou investimento (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2016 às 13h32.

As finanças das empresas brasileiras estão se deteriorando rapidamente, mas seus títulos entregam aos investidores alguns dos retornos mais impressionantes dos mercados emergentes.

A incongruência ressalta como a euforia desencadeada pelo esforço para cassar a presidente Dilma Rousseff tem mascarado os problemas de solvência das empresas do país.

A S&P Global Ratings agora atribui perspectiva negativa para os ratings de mais de 60 por cento das empresas tomadoras de empréstimos do Brasil, taxa mais alta em uma década.

Isso não impediu os investidores de adquirirem notas de empresas como Petrobras e Vale apostando que o presidente interino, Michel Temer, alavancará o crescimento da maior economia da América Latina.

Os títulos deram retorno de 23 por cento neste ano, quase duas vezes a média dos mercados emergentes. Os senadores decidirão sobre o impeachment de Dilma em votação nesta semana, mais de três meses após o afastamento temporário da presidente por suposta maquiagem dos números do orçamento.

“Existe uma desconexão entre o comportamento dos índices no Brasil e a nossa análise de crédito fundamental para as corporações do país”, disse Yann Le Pallec, chefe global de títulos corporativos da S&P.

Oito das 21 empresas de mercados emergentes que deram calote em títulos neste ano são brasileiras, acrescentou. “Trata-se de um número revelador sobre a magnitude dessa crise”.

Embora as empresas do país tenham visto seus custos de crédito caírem em meio ao rali, elas ainda precisam lidar com a recessão mais longa em mais de um século e a perspectiva de aumento da taxa de juros dos EUA pode fazer os investidores tirarem seu dinheiro dos mercados emergentes, segundo Le Pallec.

David Tawill, da Maglan Capital, reconhece que os ativos brasileiros podem estar vulneráveis a uma forte queda na eventualidade de alta dos juros pelo Federal Reserve.

Contudo, os ativos de alto rendimento do país são difíceis de ignorar em um momento de predomínio de taxas de juros baixas em muitos países desenvolvidos, disse ele.

“Se você é um grande investidor global, você precisa colocar o dinheiro para trabalhar na América Latina”, disse Tawill, presidente e cofundador da Maglan, que tem sede em Nova York.

“Poucos lugares oferecem rendimentos tão elevados com relativa segurança e suficiente profundidade de mercado”.

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