Mercados

EUA cobram China por muçulmanos, guerra comercial escala e bolsas caem

Acordo comercial parece ter "subido no telhado" com pressão dos EUA sobre supostas violações de direitos humanos de grupos muçulmanos

Donald Trump e Xi Jinping: Trump dizer que próximo presidente dos EUA é quem deveria cuidar de guerra comercial (Kevin Lamarque/Reuters)

Donald Trump e Xi Jinping: Trump dizer que próximo presidente dos EUA é quem deveria cuidar de guerra comercial (Kevin Lamarque/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 06h37.

Última atualização em 4 de dezembro de 2019 às 06h53.

São Paulo — Os principais índices de ações na Ásia voltaram a fechar em queda nesta quarta-feira com a possibilidade cada vez mais concreta de que Estados Unidos e China não cheguem a um acordo para encerrar a guerra comercial em 2019. As bolsas de Tóquio e de Hong Kong caíram mais de 1%. O vaivém da guerra, com declarações quase diárias de Donald Trump, hora para um lado, hora para outro, tem sido a maior fonte de volatilidade das bolsas globais nos últimos meses.

Nesta quarta-feira, o pessimismo tomou conta de investidores pela entrada nas discussões de dois novos fatores. Para começar, Trump afirmou a repórteres, ontem, que gosta da ideia de “esperar até depois das eleições para fechar um acordo”.

Ele se refere ao pleito presidencial no fim de 2020, o que poderia jogar um possível acordo para 2021. Do lado chinês, segundo EXAME apurou, também há simpatia à ideia de pagar para ver, deixando as conversas para o próximo presidente americano. “Os chineses estão acostumados a ser protagonistas isolados, conduzindo suas políticas econômicas à revelia das demandas internacionais”, afirma um executivo.

Além da fala de Trump, o Congresso americano aprovou um projeto requisitando que o governo aumente a pressão sobre a repressão chinesa a muçulmanos uigures — o país é acusado de manter cerca de 1 milhão de habitantes desta minoria em campos de concentração.

Segundo a agência Reuters, o projeto levou autoridades chinesas a afirmar que o acordo comercial subiu definitivamente no telhado. Na semana passada, Trump já havia colocado a política chinesa dentro das conturbadas negociações a sinalizar apoio aos manifestantes de Hong Kong.

Em vez de trabalhar para aliviar as tensões comerciais, fica cada vez mais claro que o presidente americano está intensificando as batalhas comerciais. Na segunda-feira ele afirmou que aumentará as tarifas sobre aço e alumínio do Brasil e da Argentina; na terça-feira, mirou a França, afirmando que pode até dobrar as tarifas de importação sobre mais de 2 bilhões de dólares em produtos franceses. O Fundo Monetário Internacional pediu que os países conversem antes de adotar medidas protecionistas.

A próxima leva de impostos sobre 160 bilhões de dólares em produtos chineses entra em vigor no dia 15 de dezembro. Segundo a OCDE, o clube de países ricos, a economia global crescerá 2,9% ano que vem, ante 3% inicialmente previstos, em virtude dos impactos da guerra comercial. Os Estados Unidos devem crescer 2%, ante 2,3% em 2019 — um recuo que, como fica cada dia mais claro, pode não ser o suficiente para demover Trump de sua escalada protecionista.

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Exame HojeGuerras comerciais

Mais de Mercados

"Não faz sentido correr risco com esse nível de juros", diz maior fundo de pensão do Nordeste

Ações da Usiminas (USIM5) caem 16% após balanço; entenda

"Se tentar prever a direção do mercado, vai errar mais do que acertar", diz Bahia Asset

"O dólar é o grande quebra-cabeça das políticas de Trump", diz Luis Otavio Leal, da G5 Partners

Mais na Exame