Eternit pede recuperação judicial e cai na Bolsa
A fabricante de materiais de construção justificou a decisão alegando a "deterioração dos fundamentos da economia" e as "discussões acerca do amianto"
Rita Azevedo
Publicado em 20 de março de 2018 às 11h28.
Última atualização em 20 de março de 2018 às 16h38.
São Paulo -- As ações da Eternit caem nesta terça-feira na Bolsa, após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Os negócios com os papéis foram suspensos por uma hora, enquanto a B3 aguardava o envio dos documentos relativos ao pedido. Às 13h, as ações recuavam 10,1%, a 0,89 real.
Em fato relevante, a fabricante de materiais de construção justificou a decisão alegando "a persistente deterioração dos fundamentos da economia" e as "discussões legais acerca da extração, industrialização, utilização, comercialização, transporte e exportação" do amianto, que era matéria-prima na produção de telhas e caixas-d’água.
O valor total da dívida é 228,9 milhões de reais, conforme o documento disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “O Grupo Eternit está confiante de que a situação de crise ora enfrentada é passageira e não deve afetar de forma definitiva suas atividades.”
Proibição do amianto
Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a extração, a industrialização e a comercialização de amianto crisotila no país. O produto, acusado de causar diversas doenças e até de ser cancerígeno, já era proibido em mais de 60 países.
Um dia antes, a empresa já havia anunciado o objetivo de substituir o amianto totalmente até o fim deste ano. Para isso, a Eternit colocou sua fábrica de polipropileno — substância alternativa ao amianto — em Manaus para operar a 100%.
Após a decisão do STF, a empresa anunciou aparalisação das suas controladas SAMA (mineradora) e Precon Goiás (fabricante de telhas de fibrocimento).Em dezembro, a Eternit informou que retomaria as atividades enquanto aguardava a publicação do acórdão da decisão do Supremo.