Etanol marca o retorno ao mercado financeiro
Contratos da commodity voltaram a ser negociados com a expectativa de forte crescimento nos próximos anos
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2010 às 19h01.
São Paulo - O etanol retornou ao mercado financeiro. Nesta segunda-feira (17), os investidores, produtores e distribuidores puderam mais uma vez negociar a commodity na BM&FBovespa. Ao final do dia, foram negociados 79 contratos em 4 vencimentos (julho, agosto, outubro e novembro de 2010).
"O mercado começou a precificar o resto do ano para o etanol", comemora Fabiana Perobelli, gerente de produtos de agronegócios da bolsa. "A usina já começa a ter uma ideia para saber se vai produzir mais açúcar ou álcool. Essa é uma das funções do mercado futuro", afirma.
"Dentro da corretora, está todo mundo interessado. Os participantes não tinham como fazer hedge nenhum. Quando o contrato começar a ter giro vão entrar mais especuladores e aumentar a liquidez", explica Thaisa Colombo, operadora de açúcar e etanol da corretora Hencorp Commcor. Segundo ela, vários clientes pediram hoje informações para abrir novas contas.
Para Fabiana, o potencial de crescimento do contrato é enorme. "O nosso objetivo é atingir todo o mercado. Em café, a bolsa negocia duas vezes e meia a produção brasileira", diz a executiva da bolsa. O volume financeiro dos contratos de etanol chegou a 1,790 milhão de reais neste primeiro dia de negócios.
Com o passar dos meses, o mercado pode começar a enxergar o etanol como um contrato complementar para estratégias no mercado de energia global, explica Fabiana. "O estrangeiro pode esperar um pouco e vir com operações de arbitragem entre o etanol brasileiro com o americano, além de gasolina e petróleo", comenta.
A expectativa é de que desta vez a BM&F tenha acertado na elaboração de um contrato que consiga atrair os participantes e conquistar liquidez. A primeira tentativa de fomentar o mercado futuro foi realizada com um contrato de álcool anidro com o preço formado em Paulínia (SP). O contrato não vingou porque era voltado para o mercado interno e não fornecia o hedge ao produtor.
Mais tarde, em 2007, a bolsa criou um contrato futuro em dólares, cotado no Porto de Santos. Porém, depois de um enfraquecimento das exportações, o ativo ficou deixado de lado. Agora, o novo contrato, cotado em reais e com liquidação financeira, pode atender às demandas de proteção (hedge) dos produtores de maneira mais eficaz, apontam os analistas.