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Estrangeiros tiram R$ 740,5 mi da Bovespa em junho

Estes investidores foram responsáveis por compras de R$ 68,270 bilhões e por vendas de R$ 69,010 bilhões entre os dias 1º e 29 do mês passado

No último pregão de junho, sexta-feira, eles ingressaram com R$ 44,043 milhões (Yasuyoshi Chiba/AFP)

No último pregão de junho, sexta-feira, eles ingressaram com R$ 44,043 milhões (Yasuyoshi Chiba/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2012 às 12h53.

São Paulo - Os investidores estrangeiros retiraram R$ 740,536 milhões em recursos da Bovespa em junho. Estes investidores foram responsáveis por compras de R$ 68,270 bilhões e por vendas de R$ 69,010 bilhões entre os dias 1º e 29 do mês passado. No último pregão de junho, sexta-feira, eles ingressaram com R$ 44,043 milhões. Naquele dia o Ibovespa teve alta de 3,23%, aos 54.354,63 pontos. No mês o índice caiu 0,25% e fechou o semestre com perda de 4,23%. O giro financeiro daquele pregão foi de R$ 6,401 bilhões.

No primeiro semestre do ano, a Bovespa acumula superávit de R$ 2,174 bilhões em investimentos externos. O resultado positivo de período foi influenciado pelo forte ingresso de investimentos estrangeiros em janeiro, antes da deterioração das condições externas, quando somou R$ 7,168 bilhões. Fora este mês, apenas em abril o saldo foi positivo, mas bem menor, com R$ 473,919 milhões, sendo que o resultado ainda foi impactado pelo ingresso de R$ 1,047 bilhão relacionado à oferta pública de aquisição de ações da Confab. Em todos os outros meses houve saída de recursos.

Para o estrategista do Santander, Leonardo Milane, o movimento expressa as dúvidas quanto ao nível de atividade global, os problemas na Europa que persistem, além da desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que deve se refletir no lucro das empresas no segundo trimestre. "Politicamente o ambiente melhorou na Europa, mas as incertezas persistem. Para aumentar o fluxo de capital é preciso que haja previsão de elevação do PIB em todo o mundo para puxar o lucro das empresas, e o que se vê é os EUA com a economia fraca, a zona do euro ruim, e que deve ficar assim por, pelo menos um ano, e a China patinando, entre outros", afirmou.

Para ele, com tudo isso, somado às revisões da expansão da economia brasileira, os estrangeiros não vão colocar seus investimentos no Brasil, nem nos emergentes. "Eles querem comprar no piso da expectativa de PIB e entrar quando melhorar o cenário lá fora, com previsão de aumento dos preços das commodities."

Na segunda-feira o mercado financeiro reduziu pela oitava semana consecutiva a estimativa de crescimento do PIB em 2012. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das previsões para a expansão da economia brasileira neste ano caiu de 2,18% para 2,05%. A produção industrial brasileira também caiu 4,3% em maio deste ano ante igual mês de 2011, e 0,9% frente a abril, na série com ajuste sazonal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até maio, a produção industrial acumula quedas de 3,4% no ano e de 1,8% nos últimos 12 meses.

Na opinião do analista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, no curto prazo não há expectativas de mudanças, já que as incertezas limitam o interesse dos investidores estrangeiros. "Pode ser que o cenário mude até o final do ano, mas tudo depende de como a Europa vai afastar os temores de um fato extremo, se os Estados Unidos irão fazer uma nova rodada de estímulos à economia e se a China, que já reduziu seus juros, possa fazer isso novamente."

Compradores - Em junho, os maiores compradores na Bolsa foram as instituições financeiras, com saldo positivo de R$ 701,752 milhões. De acordo com executivos de bancos, o preço atrativo de alguns papéis em meio ao fraco desempenho do mercado elevou o interesse dessas instituições por ações. Muitos desses papéis vão para os fundos de investimento dos bancos, que procuram ativos mais rentáveis por conta da queda da taxa básica de juros, a Selic.

Além do maior interesse dos clientes em investimentos mais rentáveis, os bancos também estão comprando mais ações para operações de tesouraria, destacam especialistas. Com a queda dos juros, as receitas das tesourarias com títulos públicos vêm caindo e os bancos tentam compensar com ações parte dessa redução.

Ainda com saldo positivo em compras na Bovespa, aparece a categoria de empresas públicas e privadas, com R$ 138,343 milhões, seguida das pessoas físicas, com R$ 26,086 milhões; a categoria "outros", que inclui bolsa de valores, partidos políticos, sindicatos, instituições religiosas e de educação e assistência social, vem depois, com R$ 17,784 milhões.

Já os investidores institucionais acompanharam o movimento dos internacionais e tiveram saldo negativo de R$ 143,426 milhões.

Os estrangeiros responderam por 21,09% das compras realizadas no mês passado na Bovespa, seguidos pelos institucionais, com 16,04%. As pessoas físicas ficaram com 7,46%, as instituições financeiras, com 4,28%, as empresas públicas e privadas, 1,11%, e a categoria "outros" com 0,01%.

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