Mercados

Esteves: frustrado com crescimento atual, mas otimista com futuro próximo

Queda recente da taxa de juros vai levar a uma nova fase do capitalismo no Brasil, segundo o sócio sênior do banco de investimentos BTG Pactual

André Esteves, fundador do BTG Pactual, em evento para assessores de investimento: reforma da Previdência encerrou ciclo de estabilização iniciado com o Plano Real (BTG Pactual/Divulgação)

André Esteves, fundador do BTG Pactual, em evento para assessores de investimento: reforma da Previdência encerrou ciclo de estabilização iniciado com o Plano Real (BTG Pactual/Divulgação)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 16h58.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 17h33.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou no começo deste mês que a produção industrial do país recuou 1,1% em 2019 contra 2018 após dois anos seguidos de crescimento. As vendas do varejo avançaram 1,8% no ano passado, mas esse ritmo foi menor do que nos dois anteriores. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,89% em 2019 segundo o índice do Banco Central que é considerado uma prévia do indicador oficial calculado pelo IBGE e foi divulgado na semana passada – o esperado era ao menos 1%. André Esteves, sócio sênior do banco de investimentos BTG Pactual (parte do grupo que controla EXAME), deu voz hoje ao sentimento que empresários e o mercado financeiro têm relutado em expressar diante desses números fracos: a atividade econômica do país não está crescendo ao ritmo que se esperava.

"Estamos ficando um pouquinho decepcionados com os números de crescimento no passado recente e no presente, especialmente considerando que o ambiente de negócios vem melhorando no país", disse Esteves durante palestra no BTG Pactual Advisors Summit 2020, voltado a assessores de investimento e clientes. "A boa notícia é que estamos em um caminho positivo. Se tivermos crescido 1% no ano passado, arredondando, e avançarmos 2% neste ano, podemos acelerar em 2021. Estamos andando para a frente."

Seu otimismo com o futuro próximo do Brasil e o médio prazo se deve às mudanças estruturais pelas quais o país tem passado. A principal delas, em sua visão, é o corte da taxa básica de juros da economia para 4,25% ao ano, possibilitada pela conclusão da reforma do sistema de Previdência Social. A mudança no regime das aposentadorias, que deve fazer com que a dívida pública como porcentagem do PIB passe a cair, encerrou um ciclo de estabilização da economia brasileira que começou com o Plano Real, em 1994, segundo Esteves. Assim, o Brasil pode reconquistar em dois ou três anos o grau de investimento perdido em 2015.

A redução dos juros, que tem forçado os investidores acomodados nas facilidades e nos altos ganhos da renda fixa a procurar novas alternativas de investimento, é a grande notícia do nossso tempo e deve levar a uma nova etapa do capitalismo no país, na opinião do sócio sênior do BTG. "Nossa procura por uma carteira de investimentos mais sofisticada e diversificada significa que a poupança do país está sendo transferida do rentista para o empreendedor, e esse movimento é muito saudável para a economia", afirmou Esteves. "Nossas empresas vão se beneficiar dessa injeção de recursos, gerando mais emprego e renda, o que deve levar a um ambiente mais produtivo e inclusivo."

Acompanhe tudo sobre:AçõesAndré Estevesbolsas-de-valoresBTG PactualInvestimentos-pessoaisJurosrenda-fixarenda-variavelSelic

Mais de Mercados

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa opera em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal

Donald Trump Jr. aposta na economia conservadora com novo fundo de investimento

Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off