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"Emergentes podem voltar a ser os queridinhos do mercado", diz Luiz Fernando Araujo, da Finacap

Gestor vê se semelhanças com o mercado dos anos 1990 e acredita que entrada de capital externo fará a reprecificação da bolsa

Luiz Fernando Araujo, CEO e gestor da Finacap (Finacap/Divulgação)

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 12h15.

Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 15h04.

A bolsa reagiu negativamente ao início dos cortes de juros nos Estados Unidos, mas Luiz Fernando Araujo, CEO e gestor da Finacap, avalia que isso ainda será um gatilho para a entrada de estrangeiros na bolsa e para a valorização das ações.

"A bolsa ainda está barata. Em todos os setores, há empresas com múltiplos muito baixos e bons retornos de dividendos. A reprecificação será puxada pelo fluxo global de investimentos, não há dúvida disso", disse Araujo em entrevista ao Vozes do Mercado , da Exame Invest.

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Uma das principais gestoras independentes do Nordeste, a Finacap tem R$ 1,7 bilhão sob gestão. Seu fundo de ações mais antigo, o Mauritsstad, acumula retorno de 400% desde 2008, em comparação com 144% do Ibovespa no mesmo período. A estratégia, segundo o gestor, é um "value investing raiz", inspirada no investidor americano Warren Buffett .

A tese se baseia no aumento de liquidez no exterior, com a queda de juros em economias desenvolvidas, mas também está relacionada a uma melhor perspectiva para o mercado de commodities.

"Os mercados emergentes performaram muito abaixo nos últimos dez anos, assim como o mercado de commodities, porque o fluxo de capital foi direcionado para os mercados desenvolvidos. O que vai determinar nossa performance em dólar, especialmente, é a mudança das posições nos portfólios do mercado financeiro global."

O gestor observa que há semelhanças com o fim dos anos 1990, como a inversão da curva de juros nos Estados Unidos, a alta concentração de investimentos em teses de crescimento e a valorização das bolsas. "Isso culminou na estagnação dos mercados desenvolvidos na primeira década dos anos 2000, enquanto nossa bolsa se multiplicou 20 vezes em dólar."

Emergentes no radar

Naquela época, recorda Araujo, o Ibovespa em dólar saiu da marca de 2.000 pontos para mais de 40.000 entre 2002 e 2008. Desde então, esse recorde nunca foi superado. No entanto, o gestor avalia que os mercados emergentes ainda podem voltar a ser os "queridinhos" dos investidores, especialmente em caso de uma piora na atividade global.

"A curva invertida é um forte indicativo de recessão e, na medida em que isso ocorrer, haverá o desmonte das posições em tecnologia. Então, o mercado buscará outras alternativas de investimento. Assim como naquela época, as commodities podem voltar a ser uma opção."

Se no início do século a China foi a maior propulsora dos preços de commodities, o gestor da Finacap avalia que outro país emergente poderá liderar essa demanda: a Índia.

"O mesmo questionamento que existe hoje em relação à China existia em relação ao Japão no começo dos anos 2000. A Índia, hoje, pode ser essa locomotiva de demanda. Eles já consomem mais minério que o Japão e têm uma população tão grande quanto a da China", afirma Araujo.

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