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Empresas e governos latinos podem acelerar emissões de bônus

Ação deve ser apoiada na redução de temores sobre protecionismo dos Estados Unidos e ganho de velocidade na recuperação econômica regional

Retornos dos bônus latino-americanos continuam atraentes, apesar das esperadas altas de juros dos EUA (Thinkstock/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 30 de março de 2017 às 09h09.

Última atualização em 30 de março de 2017 às 09h16.

Nova York - Governos e empresas da América Latina podem acelerar em breve as emissões de bônus, apoiadas em redução de temores sobre protecionismo dos Estados Unidos e ganho de velocidade na recuperação econômica regional, disseram executivos de bancos e investidores.

Os retornos dos bônus latino-americanos continuam atraentes, apesar das esperadas altas de juros dos EUA.

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O apetite do mercado por emissões de dívida, que pode durar até junho, permitiu ao governo brasileiro levantar recursos com yield mínimo e a província argentina de Santa Fé retornar aos mercados de capital após um longo hiato.

A recente emissão de um título global de 30 anos da Suzano, o primeiro de seu tipo por uma empresa brasileira, mostrou o apetite dos investidores por estruturas menos tradicionais, disseram executivos de bancos na véspera de uma conferência do Itaú BBA sobre mercados de dívida, em Nova York.

A companhia de logística JSL poderá ser a próxima na fila, disseram duas fontes com conhecimento dos planos.

A preocupação de que as medidas do presidente dos EUA, Donald Trump, leve capital para longe da América Latina perdeu força, segundo companhias e bancos. Isso, junto com a estabilidade do mercado, após o Fed elevar juros neste ano, está alimentando entrada de recursos, acrescentaram.

Fundos de mercados emergentes registraram um fluxo de entrada de recursos de 6,5 bilhões de dólares na semana encerrada em 22 de março, o maior volume em quase quatro anos, mostraram dados do Institute of International Finance, dos quais 4,5 bilhões de dólares foram para bônus.

"Vemos ainda muitos negócios de refinanciamento, mas há alguns poucos emissores estreando no mercado", disse Felipe Wilberg, diretor global de renda fixa do Itaú BBA.

O prêmio que os investidores cobram para manter títulos latino-americanos sobre títulos do Tesouro dos EUA agora está em cerca de 7,6 pontos percentuais, ante cerca de 7,1 pontos no começo do ano, segundo índice do JPMorgan.

Entretanto, o aperto tem sido menor em relação a outros ciclos de alta de juros dos EUA que dispararam violentas oscilações nos preços de emissão de dívida latino-americana, disseram executivos de bancos.

"Apesar da sabedoria tradicional apontar que altas de juros nos EUA geram pressões nos preços dos ativos em mercados emergentes, estamos vendo uma reação diferente dos investidores", disse Marc Nachmann, diretor para América Latina do Goldman Sachs.

A Western Asset Management elevou a participação de suas posições de dívida da América Latina para 47 por cento, ante 40 por cento no ano passado, após os preços ficarem atraentes e o cenário melhorar, disse Mark Hughes, que ajuda a administrar 40 bilhões de dólares em bônus na companhia.

O crescimento tem sido gradual, porém, disse Hughes, citando que os bônus de exportadores brasileiros estão agora oferecendo um melhor ponto de entrada que os de companhias focadas no mercado interno.

Governos e empresas latino-americanas levantaram 34 bilhões de dólares com vendas de dívida global até agora em 2017, mostram dados do Itaú BBA. No ano passado, as emissões de dívida na região alcançaram 102 bilhões de dólares.

Executivos de bancos estão elevando suas estimativas para novas emissões de bônus da América Latina este ano para 80 bilhões de dólares, ante 60 bilhões em novembro.

No caso do Brasil, as reformas defendidas pelo governo de Michel Temer estão alimentando a demanda por bônus como os emitidos pela Suzano.

"Quando a operação saiu, sentimos que os investidores estavam em geral mais otimistas sobre a consolidação fiscal do que estavam um ano antes", disse Marcelo Bacci, vice-presidente de finanças da Suzano.

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