Emissores de dívida têm ambiente favorável
A ausência do Brasil no mercado de dívida externa desde o fim do ano passado deixou alguns investidores com dinheiro disponível.
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2015 às 12h09.
São Paulo - A ausência do Brasil no mercado de dívida externa desde o fim do ano passado deixou alguns investidores dedicados a países emergentes e assets com dinheiro disponível, proporcionando ambiente favorável à volta dos emissores de dívida ao mercado externo. Felipe Wilberg, diretor da área de Renda Fixa do ItaúBBA, afirmou que administradores de grandes fundos têm solicitado papéis de empresas brasileiras, para vencimentos de 10 anos e de até 30 anos.
"Esses gestores, que normalmente compram tickets grandes, não costumam fazer tais operações no mercado secundário", explicou, onde os montantes negociados são menores. Além disso, alguns fundos dedicados a emergentes, que não trocam alocações repentinamente, ficaram com espaço em suas carteiras, em função de vencimentos e juros recebidos de bônus não realocados que não puderam ser realocados em Brasil. "Não me lembro de nos últimos 10 anos ficarmos tanto tempo sem nenhuma captação", disse.
A depreciação dos preços dos bônus da Petrobras e de outros papéis de emissores brasileiros no mercado secundário provocou ainda a saída de alguns fundos cross over (que investem em países e setores diversificados) do Brasil. Na outra ponta, encontraram os fundos de hedge, que têm estratégia mais oportunista e compram papéis que estão subvalorizados ou abaixo do grau de investimento. Segundo Wilberg, é possível que parte dessas posições sejam revertidas.
Wilberg notou ainda que apesar o abalo causado nos preços dos bônus brasileiros pela ameaça de a dívida da Petrobras ser acelerada, os custos de captação para alguns emissores já se aproximam do ano passado. Nesse sentido ele citou a cotação do bônus da Petrobras com vencimento em 2024, que chegaram a valer 87% do valor de face em meio à crise, operam por volta de 101% do valor de face agora, enquanto em outubro estavam em torno de 108% do valor de face.
"As condições são piores do que no ano passado? Nem tanto. Os juros seguem baixos nas economias centrais, os spreads de crédito estão reduzidos, existe apetite para o risco e a necessidade de realocação", descreveu Wilberg.
Somado a isso, o contexto brasileiro melhorou com a divulgação do balanço da Petrobras sem ressalvas, a expectativa de que não haverá atraso nos números do primeiro trimestre e o andamento do ajuste fiscal. "O mercado quer ver o plano de negócios que a Petrobras apresentará em breve, o que, junto com as medidas fiscais, podem dar um maior ânimo ao mercado", afirmou.
Wilberg observou que o mercado não estará aberto a todos e que algumas empresas podem aguardar. O próprio Tesouro, que tem sido "cotado" para reestrear o mercado da dívida, indicou que buscará um nível de preço mais adequado. "Julgamos que o momento ainda não é o mais adequado, pois ainda poderemos ver taxas mais favoráveis para a República", disse ontem o coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, sobre uma possível emissão externa.
São Paulo - A ausência do Brasil no mercado de dívida externa desde o fim do ano passado deixou alguns investidores dedicados a países emergentes e assets com dinheiro disponível, proporcionando ambiente favorável à volta dos emissores de dívida ao mercado externo. Felipe Wilberg, diretor da área de Renda Fixa do ItaúBBA, afirmou que administradores de grandes fundos têm solicitado papéis de empresas brasileiras, para vencimentos de 10 anos e de até 30 anos.
"Esses gestores, que normalmente compram tickets grandes, não costumam fazer tais operações no mercado secundário", explicou, onde os montantes negociados são menores. Além disso, alguns fundos dedicados a emergentes, que não trocam alocações repentinamente, ficaram com espaço em suas carteiras, em função de vencimentos e juros recebidos de bônus não realocados que não puderam ser realocados em Brasil. "Não me lembro de nos últimos 10 anos ficarmos tanto tempo sem nenhuma captação", disse.
A depreciação dos preços dos bônus da Petrobras e de outros papéis de emissores brasileiros no mercado secundário provocou ainda a saída de alguns fundos cross over (que investem em países e setores diversificados) do Brasil. Na outra ponta, encontraram os fundos de hedge, que têm estratégia mais oportunista e compram papéis que estão subvalorizados ou abaixo do grau de investimento. Segundo Wilberg, é possível que parte dessas posições sejam revertidas.
Wilberg notou ainda que apesar o abalo causado nos preços dos bônus brasileiros pela ameaça de a dívida da Petrobras ser acelerada, os custos de captação para alguns emissores já se aproximam do ano passado. Nesse sentido ele citou a cotação do bônus da Petrobras com vencimento em 2024, que chegaram a valer 87% do valor de face em meio à crise, operam por volta de 101% do valor de face agora, enquanto em outubro estavam em torno de 108% do valor de face.
"As condições são piores do que no ano passado? Nem tanto. Os juros seguem baixos nas economias centrais, os spreads de crédito estão reduzidos, existe apetite para o risco e a necessidade de realocação", descreveu Wilberg.
Somado a isso, o contexto brasileiro melhorou com a divulgação do balanço da Petrobras sem ressalvas, a expectativa de que não haverá atraso nos números do primeiro trimestre e o andamento do ajuste fiscal. "O mercado quer ver o plano de negócios que a Petrobras apresentará em breve, o que, junto com as medidas fiscais, podem dar um maior ânimo ao mercado", afirmou.
Wilberg observou que o mercado não estará aberto a todos e que algumas empresas podem aguardar. O próprio Tesouro, que tem sido "cotado" para reestrear o mercado da dívida, indicou que buscará um nível de preço mais adequado. "Julgamos que o momento ainda não é o mais adequado, pois ainda poderemos ver taxas mais favoráveis para a República", disse ontem o coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, sobre uma possível emissão externa.