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Emissões de títulos no exterior disparam antes de alta de juros

Cada vez mais empresas brasileiras estão emitindo o maior volume de títulos no exterior nos últimos quatro meses

Operações do BB ajudaram a aumentar as emissões de dívida brasileira no exterior (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)

Operações do BB ajudaram a aumentar as emissões de dívida brasileira no exterior (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 07h05.

Nova York - Empresas brasileiras, como o Banco do Brasil SA e a BR Malls Participações SA, estão emitindo o maior volume de títulos no exterior dos últimos quatro meses. A expectativa de elevação de juros levam os emissores a fechar captações com as taxas atuais.

As operações de ontem do Banco do Brasil, o maior banco da America Latina por valor de ativos, e da operadora de shopping centers BR Malls levaram as emissões de dívida brasileira no exterior a US$ 2,3 bilhões esta semana, o maior volume desde o período encerrado em 17 de setembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Empresas americanas captaram US$ 39,6 bilhões em dívida esta semana depois de um volume recorde de US$ 48,8 bilhões na semana passada.

As taxas das notas do Tesouro dos Estados Unidos de dez anos, a referência para emissores no mercado americano, vão subir para 3,75 por cento até outubro, o maior nível em um ano e meio, depois de terem saltado 92 pontos-base nos últimos três meses para 3,3 por cento devido à preocupação de que a inflação vai ganhar força, de acordo com a mediana das previsões em uma pesquisa da Bloomberg.

O aumento nas taxas dos títulos americanos elevou o custo médio de captação das empresas brasileiras em 42 pontos-base desde 4 de novembro, quando estavam na mínima histórica de 5,64 por cento, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

Volume recorde

“As empresas querem emitir dívida antes das taxas de juros subirem”, disse Eric Ollom, estrategista-chefe para mercados emergentes na Jefferies & Co. em Nova York, por telefone. “Esse é claramente um fator na perspectiva dos emissores.”

No ano passado, as empresas brasileiras venderam um volume recorde de títulos no mercado internacional, totalizando US$ 38,6 bilhões, em um cenário em que as menores taxas de retorno de títulos do Tesouro americano dos últimos 20 meses alimentaram a demanda por ativos latino-americanos de maior rendimento.

O Grupo Virgolino de Oliveira, um produtor de açúcar e etanol, e o Banco Safra SA pretendem fazer captações no exterior, enquando a Energisa SA e o Banco Daycoval SA estão se reunindo com investidores do mercado de renda fixa, segundo pessoas familiarizadas com as transações que pediram anonimato por não serem autorizadas a falarem publicamente.

‘Perder o barco´

“Considerando quão baixas as taxas estão agora, e considerando que o apetite por risco segue elevado, as empresas arriscam-se em perder o barco em termos das taxas baixas e do ambiente pró-risco”, disse Bevan Rosenbloom, analista da RBS Securities Inc. em Stamford, Connecticut, em entrevista por telefone.

Os bancos lideraram as captações esta semana. O Banco Santander Brasil SA emitiu US$ 650 milhões de títulos de 5 anos. O Banco Cruzeiro do Sul SA captou US$ 400 milhões com a emissão de bônus com prazo até 2016.

O socorro de R$ 2,5 bilhões ao Banco Panamericano SA em novembro reduziu a demanda por títulos de bancos brasileiros. Essas instituições levantaram US$ 17 bilhões em dívida no exterior no ano passado, ou 44 por cento do total em dívida corporativa do País no período, disse Ollom, da Jefferies.

O Banco do Brasil SA emitiu 750 milhões de euros de dívida de 5 anos na quinta captação na moeda única europeia feita por uma empresa brasileira desde o começo de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“O fluxo de comércio entre o Brasil e a Europa está crescendo, e as operações de crédito a exportação também estão crescendo”, disse Ivan Monteiro, diretor financeiro do Banco do Brasil. “Então, é uma boa alternativa reforçar nossa captação como hedge. Nossa política de diversificação casou com a política de diversificação dos investidores. Os grandes gestores de portfólio estão redesenhando sua estratégia, e pegamos esse momento.”

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