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O analista que mais acertou previsões sobre o mercado acionário brasileiro nos últimos 24 meses nasceu na Venezuela e vive no México

Reinaldo Santana, na Cidade do México: um expert em consumo

Reinaldo Santana, na Cidade do México: um expert em consumo

DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 21h16.

Sempre que vai a uma festa, seja a trabalho, seja a lazer, o venezuelano naturalizado mexicano Reinaldo Santana, de 36 anos, tem um comportamento meio estranho. Não tira os olhos dos copos dos outros convidados -- quer saber o que todos estão bebendo. Quando vai a um supermercado, presta atenção em todos os produtos que estão em promoção nas prateleiras. Nos corredores de um shopping center, não deixa nenhuma tendência da moda passar despercebida. Obcecado por consumo, Santana está sempre com o radar ligado. Esse é seu padrão, esteja em São Paulo, Santiago, Nova York ou na Cidade do México, onde trabalha na corretora do Deutsche Bank. Quando produz relatórios de análises de ações de 25 companhias de consumo de México, Brasil e Chile, estimando o potencial de alta ou de baixa desses papéis, Santana aproveita muitas dessas informações coletadas nas ruas, além, claro, dos balanços das empresas e de dados sobre o setor.

Foi esse profissional obcecado pelo trabalho que venceu o prêmio analista de ações de 2007 do Guia EXAME de Investimentos Pessoais -- que destaca quem previu com mais precisão a oscilação de papéis da Bolsa de Valores de São Paulo nos últimos dois anos. Com informações da consultoria Thomson Financial, o Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas analisou relatórios elaborados por 47 analistas de 16 corretoras entre julho de 2005 e junho de 2007 -- o prazo considerado mínimo para formar a base de dados necessária para a avaliação.

A Fundação Getulio Vargas comparou a recomendação feita por esses profissionais com o desempenho real da ação em cada semana, quinzena e mês e atribuiu notas a erros e acertos. Com essas informações, criou o ranking no qual Santana foi o primeiro colocado, com um índice de acerto de 49%. "É uma probabilidade de acerto muito boa à luz das condições do mercado", afirma Ricardo Rochman, professor do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas e responsável pelo estudo. O fato de Santana, formado em administração pela Eastern Michigan University, nos Estados Unidos, ter feito poucas recomendações em dois anos revela bastante de seu perfil. Isso significa, segundo Rochman, que o analista é conservador e seletivo. "É melhor, para o investidor, um analista que se aprofunda em suas análises do que aquele que arrisca e dispara para todos os lados", diz Rochman.

Mesmo a distância, Santana segue o dia-a-dia de oito companhias brasileiras da área de consumo -- entre elas Ambev, Pão de Açúcar, Sadia e Natura. Já esteve mais de uma vez em cada uma delas e fala quase diariamente com seus diretores de relacionamento com investidores. Se necessário, conversa também com gerentes financeiros, tesoureiros e com quem mais possa lhe oferecer peças para montar o quebra-cabeça. Só então senta para escrever seus relatórios. "Procuro ter contato também com associações do setor e consultorias para ter uma visão mais ampla do segmento", diz Santana. Uma das recomendações de sucesso feitas por ele nos últimos dois anos foi a compra dos papéis da Ambev -- as ações tiveram valorização de 50% num período de 12 meses. "Os preços das ações da Ambev foram beneficiados pelos sólidos resultados apresentados pelo setor de bebidas no Brasil e pelo bom desempenho da subsidiária argentina Quinsa", diz Santana.

Além de escolher o melhor analista, o levantamento do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas também indica a corretora que mais acertou suas previsões para a Bolsa de Valores de São Paulo. Na edição deste Guia EXAME de Investimentos Pessoais, a vencedora foi a do Deutsche Bank, a mesma onde Santana trabalha. Nos últimos dois anos, a equipe da corretora voltada para a América Latina teve um grau de acerto de 41%.

No comando dos 15 analistas espalhados por São Paulo, Cidade do México e Nova York está Rizwan Ali, um paquistanês naturalizado americano. De Nova York, ele reúne a equipe todas as manhãs por meio de teleconferência. Ao todo, seus comandados cobrem 115 companhias, divididas por áreas. O responsável por determinado setor tem a incumbência de analisar o desempenho de companhias nos principais mercados de toda a América Latina. Isso explica o fato de Santana, por exemplo, morar na Cidade do México e acompanhar o consumo no Brasil.

Para Ali, a explicação para o primeiro lugar no ranking das corretoras é uma só: saber combinar informação local com conhecimento global. Para além da frieza dos números, dos lucros e dos prejuízos, Ali pede à sua equipe que tenha como ferramenta de trabalho a observação, seja no trabalho, seja nas horas de lazer. Ao fixar o olhar nos copos alheios, Santana, portanto, só está cumprindo uma ordem.

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