Exame Logo

Eike exagera com bônus e repete problemas da abertura de capital

A OGX Petróleo teve de elevar a taxa dos títulos em sua primeira captação internacional após rejeição dos investidores

A empresa tem planos de iniciar a produção de petróleo em um poço de testes até outubro, com dois meses de atraso
DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2011 às 08h26.

São Paulo - Eike Batista está ouvindo dos investidores de renda fixa a mesma resposta que teve do mercado acionário no ano passado, quando foi forçado a baixar o preço na mais recente abertura de capital de uma de suas empresas.

A OGX Petróleo & Gás Participações SA teve de elevar em 100 pontos-base, para 8,5 por cento, a taxa dos títulos em sua primeira captação internacional, com a qual levantou US$ 2,56 bilhões. Os investidores rejeitaram a taxa ofertada inicialmente, de 7,5 por cento, segundo BNP Investment Partners, Aberdeen Asset Management Plc e Stone Harbor Investment. Em março de 2010, o bilionário reduziu em 40 por cento o preço das ações na abertura de capital do estaleiro OSX Brasil SA.

Eike, de 54 anos, está se voltando para o mercado de dívida após vender US$ 7,3 bilhões em ações nos últimos cinco anos para financiar investimentos em energia, mineração e transporte. Investidores exigiram que a OGX, que nunca produziu petróleo, subisse o rendimento dos títulos para compensar o tamanho da colocação e a classificação de risco da empresa, disse Jane Yu, analista de crédito do BNP. A OGX tem nota B, cinco níveis abaixo do grau e investimento na escala da Standard & Poor’s.

“Foi um movimento bem brusco em relação à faixa mais alta de 7 por cento”, disse Yu em entrevista por telefone de Londres. “Uma emissora estreante, tamanho grande, com rating B, para aquele tipo de rendimento. É um preço muito agressivo para empresas de mercados emergentes.”

A operação foi a maior já realizada por uma empresa brasileira desde janeiro e superou os US$ 2 bilhões inicialmente planejados, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Poço de testes

A Marfrig Alimentos SA, frigorífico com sede em São Paulo que tem a mesma nota B+ que a OGX na avaliação da Fitch Ratings, vendeu US$ 750 milhões em títulos com prazo de sete anos e taxa de 8,6 por cento em 4 de março. A Tam SA, que tem classificação de risco similar, pagou 8,5 por cento numa emissão de US$ 500 milhões em bônus com prazo de 10 anos ontem.

Os títulos de sete anos da OGX têm taxa de 480 pontos-base, ou 4,8 pontos percentuais, acima dos títulos da dívida pública brasileira com vencimento em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento dos papéis emitidos pela Petróleo Brasileiro SA com vencimento em 2018 rendem 4,40 por cento.


A OGX, com sede no Rio de Janeiro, tem planos de iniciar a produção de petróleo em um poço de testes até outubro, com dois meses de atraso em relação ao cronograma original. No mês passado, a empresa divulgou um aumento menor que o esperado nos recursos de petróleo e gás. Segundo estudo apresentado em abril, a OGX tem reservas potenciais totais de 10,8 bilhões de barris.

‘Potencial tremendo’

Apesar de a OGX ter um “potencial tremendo”, seus títulos são arriscados porque a companhia ainda não produziu petróleo, disse George Strickland, diretor-gerente que ajuda a administrar US$ 10 bilhões em ativos de renda fixa na Thornburg Investment Management em Santa Fé, no estado americano do Novo México.

“Há muito risco operacional nos próximos anos”, disse Strickland, que decidiu não comprar os bônus, em entrevista por telefone. “Se algo der errado, tanto atrasos como novas descobertas que não combinam com as descobertas atuais, os detentores dos bônus devem sofrer.”

A companhia disse em comunicado que utilizará os recursos da captação para financiar operações de exploração e produção.
“Essa captação assegura os recursos necessários para o desenvolvimento das enormes descobertas realizadas em prazo sem precedentes no setor de óleo e gás”, disse no comunicado Paulo Mendonça, presidente da OGX.

Um representante da OGX que pediu para não ser identificado em obediência à política corporativa, disse não ter autorização para fazer comentários até que a venda de bônus seja concluída.

Credit Suisse Group AG, HSBC Holdings Plc, Itaú Unibanco Holding SA e JPMorgan Chase & Co. coordenaram a operação.
Um representante do Itaú em São Paulo, que pediu para não ser identificado, não quis comentar o assunto. As porta-vozes Juanita Gutierrez, do HSBC, Rebeca Vargas, do JPMorgan, e Karen Laureano-Rikardsen, do Credit Suisse, também não quiseram fazer comentários.

A OGX conseguiu ampliar o tamanho da oferta após elevar o rendimento em 100 pontos-base, disse Chris Wilder, gerente de carteira da Stone Harbor em Londres, que ajuda a administrar US$ 24 bilhões em ativos de mercados emergentes.

“Achamos a companhia interessante”, disse Wilder em entrevista por telefone. “É um caso bom, que olha pra frente. Acho que os títulos irão relativamente bem.”

Veja também

São Paulo - Eike Batista está ouvindo dos investidores de renda fixa a mesma resposta que teve do mercado acionário no ano passado, quando foi forçado a baixar o preço na mais recente abertura de capital de uma de suas empresas.

A OGX Petróleo & Gás Participações SA teve de elevar em 100 pontos-base, para 8,5 por cento, a taxa dos títulos em sua primeira captação internacional, com a qual levantou US$ 2,56 bilhões. Os investidores rejeitaram a taxa ofertada inicialmente, de 7,5 por cento, segundo BNP Investment Partners, Aberdeen Asset Management Plc e Stone Harbor Investment. Em março de 2010, o bilionário reduziu em 40 por cento o preço das ações na abertura de capital do estaleiro OSX Brasil SA.

Eike, de 54 anos, está se voltando para o mercado de dívida após vender US$ 7,3 bilhões em ações nos últimos cinco anos para financiar investimentos em energia, mineração e transporte. Investidores exigiram que a OGX, que nunca produziu petróleo, subisse o rendimento dos títulos para compensar o tamanho da colocação e a classificação de risco da empresa, disse Jane Yu, analista de crédito do BNP. A OGX tem nota B, cinco níveis abaixo do grau e investimento na escala da Standard & Poor’s.

“Foi um movimento bem brusco em relação à faixa mais alta de 7 por cento”, disse Yu em entrevista por telefone de Londres. “Uma emissora estreante, tamanho grande, com rating B, para aquele tipo de rendimento. É um preço muito agressivo para empresas de mercados emergentes.”

A operação foi a maior já realizada por uma empresa brasileira desde janeiro e superou os US$ 2 bilhões inicialmente planejados, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Poço de testes

A Marfrig Alimentos SA, frigorífico com sede em São Paulo que tem a mesma nota B+ que a OGX na avaliação da Fitch Ratings, vendeu US$ 750 milhões em títulos com prazo de sete anos e taxa de 8,6 por cento em 4 de março. A Tam SA, que tem classificação de risco similar, pagou 8,5 por cento numa emissão de US$ 500 milhões em bônus com prazo de 10 anos ontem.

Os títulos de sete anos da OGX têm taxa de 480 pontos-base, ou 4,8 pontos percentuais, acima dos títulos da dívida pública brasileira com vencimento em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento dos papéis emitidos pela Petróleo Brasileiro SA com vencimento em 2018 rendem 4,40 por cento.


A OGX, com sede no Rio de Janeiro, tem planos de iniciar a produção de petróleo em um poço de testes até outubro, com dois meses de atraso em relação ao cronograma original. No mês passado, a empresa divulgou um aumento menor que o esperado nos recursos de petróleo e gás. Segundo estudo apresentado em abril, a OGX tem reservas potenciais totais de 10,8 bilhões de barris.

‘Potencial tremendo’

Apesar de a OGX ter um “potencial tremendo”, seus títulos são arriscados porque a companhia ainda não produziu petróleo, disse George Strickland, diretor-gerente que ajuda a administrar US$ 10 bilhões em ativos de renda fixa na Thornburg Investment Management em Santa Fé, no estado americano do Novo México.

“Há muito risco operacional nos próximos anos”, disse Strickland, que decidiu não comprar os bônus, em entrevista por telefone. “Se algo der errado, tanto atrasos como novas descobertas que não combinam com as descobertas atuais, os detentores dos bônus devem sofrer.”

A companhia disse em comunicado que utilizará os recursos da captação para financiar operações de exploração e produção.
“Essa captação assegura os recursos necessários para o desenvolvimento das enormes descobertas realizadas em prazo sem precedentes no setor de óleo e gás”, disse no comunicado Paulo Mendonça, presidente da OGX.

Um representante da OGX que pediu para não ser identificado em obediência à política corporativa, disse não ter autorização para fazer comentários até que a venda de bônus seja concluída.

Credit Suisse Group AG, HSBC Holdings Plc, Itaú Unibanco Holding SA e JPMorgan Chase & Co. coordenaram a operação.
Um representante do Itaú em São Paulo, que pediu para não ser identificado, não quis comentar o assunto. As porta-vozes Juanita Gutierrez, do HSBC, Rebeca Vargas, do JPMorgan, e Karen Laureano-Rikardsen, do Credit Suisse, também não quiseram fazer comentários.

A OGX conseguiu ampliar o tamanho da oferta após elevar o rendimento em 100 pontos-base, disse Chris Wilder, gerente de carteira da Stone Harbor em Londres, que ajuda a administrar US$ 24 bilhões em ativos de mercados emergentes.

“Achamos a companhia interessante”, disse Wilder em entrevista por telefone. “É um caso bom, que olha pra frente. Acho que os títulos irão relativamente bem.”

Acompanhe tudo sobre:Eike BatistaEmpresáriosEmpresasEnergiaGás e combustíveisIndústria do petróleoMMXOGpar (ex-OGX)OSXPersonalidadesPetróleo

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame