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Eike Batista tenta evitar crise de confiança após operação da Polícia Federal

Ações de suas companhias chegaram a cair 53% desde o pico, mas especialistas não vêem risco de quebra das empresas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 10h24.

Pouco mais de um mês após provocar euforia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com a realização da maior oferta pública inicial de ações do mercado de capitais brasileiro, a OGX, petrolífera do empresário Eike Batista, enfrenta sua primeira crise. As ações da companhia, que chegaram a ser negociadas a 1363,99 reais - 21% acima do preço fixado na oferta pública inicial - desabaram para 640 reais depois que a Polícia Federal deflagrou a operação Toque de Midas, ameaçando prender Eike Batista e os executivos de suas empresas.</p>

A operação investiga um suposto esquema de fraude na licitação para concessão da estrada de ferro que liga o município de Serra do Navio ao Porto de Santana, no Amapá. Apesar de não estar diretamente ligada ao caso, a OGX, assim como todas as controladas da holding EBX, sofre as conseqüências. "Trata-se de uma crise de confiança. Para os investidores, o ativo mais valioso das empresas de Eike Batista são seus gestores", diz um analista que prefere não se identificar.

Foi por isso que o empresário conseguiu criar uma petrolífera com quase 10% do valor de mercado da Petrobras sem nunca ter produzido sequer um barril de petróleo. "Agora, o futuro das companhias depende dos resultados das investigações e de como a empresa vai se posicionar perante a mídia e os investidores", destaca o analista.

Por enquanto, nenhuma das acusações contra o grupo foi comprovada. Em comunicados à Bovespa, a MMX, empresa de mineração do conglomerado, nega qualquer irregularidade em suas atividades e coloca-se à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento. Durante teleconferência com analistas, Eike Batista classificou as acusações da Polícia Federal como um "erro gigantesco" e assumiu pessoalmente os riscos e os custos caso o contrato de concessão da ferrovia tenha de ser desfeito.

A postura de Eike Batista frente aos negócios, na visão de Amauri Marchese, professor do curso de pós-graduação em Comunicação Corporativa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) vem sendo adequada. Nesta semana, os papéis das três companhias do empresário listadas na Bolsa recuperaram parte do valor perdido e, para o professor, isso mostra que o impacto da operação Toque de Midas deve ser limitado. "Ainda que se prove alguma irregularidade, a crise não deve ser tão profunda a ponto de levar a EBX à bancarrota. E, não se provando nada, a companhia deve recuperar rapidamente sua imagem", diz Marchese.

Na avaliação do Itaú, a desvalorização dos papéis da MMX foi exagerada, criando uma oportunidade para os investidores. A instituição estima 27% de potencial de alta para as ações, que poderiam chegar ao final de 2008 cotadas a 53,20 reais. "Os 70% de participação que a MMX detém na MMX Amapá valem 1,2 bilhão de dólares - valor superior ao perdido com a desvalorização da companhia nos últimos dias. No pior cenário, acreditamos que a MMX deixaria de deter a concessão da ferrovia (e não todo o sistema de mineração, como implica a perda de valor de mercado). Estimamos que a perda da concessão da ferrovia custaria à companhia 134 milhões de dólares, dos quais 120 milhões de dólares poderiam ser reembolsados devido às melhorias realizadas na ferrovia. Em qualquer caso, Eike Batista já afirmou que irá garantir eventuais perdas decorrentes dessa situação, o que significa que os investidores não serão prejudicados", justifica o Itaú.

As empresas de Eike Batista na Bolsa      
Empresa Ação Variação no ano (%) Preço em 23/07/08 Preço-alvo Brascan (R$) Preço-alvo Itaú (R$) Potencial máximo de alta (%)
MMX MMXM3 -10,6 42,00 59,67 53,20 42,07
MPX MPXE3 -27,1 750,00  - 1600,00 113,33
OGX OGXP3 -36,3 720,00  -  -  -
Fontes: Bovespa e Economática      


Novas ações

Enquanto aguarda o desenrolar das investigações, o mercado está de olho na conclusão da venda da MMX Minas-Rio e da MMX Amapá à mineradora britânica Anglo American por 5,5 bilhões de dólares. A transação estava prestes a sair quando a operação da Polícia Federal foi deflagrada e, agora, deve ficar condicionada ao resultado das investigações.

Mesmo sem ser concluído, o negócio dará origem a três novas companhias: a nova MMX, que englobará somente os ativos do sistema Corumbá e a MMX Sudeste; a Iron X, empresa que será composta pelos sistemas Amapá e Minas-Rio; e a empresa de logística LLX. No próximo dia 28 de julho, as ações da MMX serão pelas das novas três empresas, na proporção de 48% IronX, 43% nova MMX e 9% LLX.  

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