Mercados

Dólar termina no menor nível em quase três meses

Apesar do rebaixamento da nota brasileira pela Standard & Poor's na véspera, a moeda voltou ao patamar de 3,20 reais nesta sexta-feira

Dólar: a S&P rebaixou a nota de crédito da dívida soberana do Brasil para BB-, ante BB (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Dólar: a S&P rebaixou a nota de crédito da dívida soberana do Brasil para BB-, ante BB (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 17h25.

Última atualização em 12 de janeiro de 2018 às 17h39.

São Paulo - O dólar relegou o rebaixamento da nota brasileira pela agência de classificação de risco Standard & Poor's na véspera e seguiu o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, voltando ao patamar de 3,20 reais nesta sexta-feira.

O dólar recuou 0,38 por cento, a 3,2062 reais na venda, menor nível desde os 3,1898 reais de 20 de outubro. Na semana, caiu 0,85 por cento, acumulando em 2018 perda de 3,26 por cento.

Na mínima, a moeda marcou 3,2001 reais e, na máxima, 3,2315 reais. O dólar futuro tinha baixa de 0,39 por cento.

"Em termos práticos, o rebaixamento não muda muita coisa, já não somos grau de investimento pelas três principais agências de rating", lembrou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

Na véspera, a S&P rebaixou a nota de crédito da dívida soberana do Brasil para BB-, ante BB, em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas públicas, num claro sinal à reforma da Previdência, e de incertezas devido às eleições deste ano.

O rebaixamento da nota brasileira era esperado desde o final do ano passado, o que chegou a levar o dólar para perto do patamar de 3,35 reais, depois que o governo não conseguiu votar a reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados como pretendia, em dezembro.

A votação foi postergada para 19 de fevereiro, levando analistas a reduzirem as apostas na aprovação do texto, diante do cenário eleitoral deste ano.

"Entendemos que, dentro deste desconforto, o governo poderá sair do 'corner' onde está acuado pelo Congresso Nacional e se tornar efetivo protagonista de um discurso duro impondo constrangimento e responsabilidade pelo ocorrido aos políticos", afirmou o economista e diretor-executivo da NGO Câmbio, Sidnei Moura Nehme, em nota.

Mas o cenário político pode ser ainda mais complicado depois do movimento da S&P. Na noite passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou à Reuters que o governo havia se enfraquecido muito após denúncias e que não era "correto" transferir a responsabilidade de a reforma da Previdência não ter sido aprovada.

"Vamos ver (se o rebaixamento dará força à reforma da Previdência). A tentativa do governo de transferir a responsabilidade para o Parlamento não ajuda e não é correto. Precisamos unir esforços", afirmou ele.

O recuo do dólar no exterior acabou se sobrepondo à questão fiscal doméstica, levando a moeda de volta ao patamar de 3,20 reais. O dólar caía ante uma cesta de moedas e ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

"Prevaleceu a dinâmica do dia, com exterior e algum fluxo", concluiu um profissional da mesa de câmbio de uma corretora local.

Acompanhe tudo sobre:Casas de câmbioDólarStandard & Poor's

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado