Mercados

Dólar fecha acima de R$ 5,40 pela 1ª vez em um mês com tensão comercial

Donald Trump assina decreto que pode banir operações do WeChat e Tik Tok dos EUA

Dólar sobe 1,3% e fecha a 5,413 reais. (Paul Yeung/Bloomberg/Getty Images)

Dólar sobe 1,3% e fecha a 5,413 reais. (Paul Yeung/Bloomberg/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 14h44.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 17h14.

O dólar fechou em alta nesta sexta-feira, 7, em meio à escalada de tensões comerciais entre China e Estados Unidos e com os investidores repercutindo os resultados do relatório oficial de empregos não-agrícolas de julho nos EUA, o payroll. O dólar comercial subiu 1,3% e encerrou sendo vendida a 5,413 reais. Esta foi a primeira vez que o dólar fechou acima de 5,40 desde 30 de junho. Com variação semelhante, o dólar turismo era cotado a 5,72 reais.

A moeda americana também se fortalece contra os pares desenvolvidos e outras divisas emergentes. O índice Dxy, que mede o desempenho do dólar perante uma cesta de moedas fortes avançava 0,66%, quando as negociações de dólar à vista foram fechadas no Brasil .

O mal humor no mercado global tem como pano de fundo as investidas do presidente Donald Trump sobre as empresas de tecnologia da China. Nesta quinta-feira, 6, Trump assinou um decreto que bane as operações americanas dos aplicativos Tik Tok e WeChat em 45 dias, caso não sejam vendidas para uma empresa dos Estados Unidos. Após a medida, as ações da Tencent, controladora do WeChat, caíram 5% na bolsa de Hong Kong.

Segundo Trump, isso foi necessário para “proteger a nação” e os dados pessoais dos americanos. Contudo, as atitudes de Trump contra a China tem sido cada vez mais interpretada como um jogo político, tendo em vista as eleições presidenciais em que o republicano aparece atrás, nas pesquisas, do candidato democrata Joe Biden.

“Essa proibição é um passo importante, principalmente porque envolve a Tencent, que é uma gigante, dona de jogos como Fortinite. Isso gera a expectativa de que as medidas se estenda para outros produtos dela e gere uma reação da China, principalmente contra a Apple, que tem no país asiático seu principal mercado”, afirmou Jeffeson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Divulgado nesta manhã, o payroll veio melhor do que o esperado, apontando para a criação de 1,763 milhão de empregos não-agrícolas em julho ante a expectativa de 1,600 milhão novos postos. Após o resultado, os ativos de riscos, como ações e moedas emergentes, apresentaram alguma reação positiva, mas insuficiente para reverter a queda.

“O payroll veio muito bom, mas o mercado está meio na dúvida, porque se viesse ruim, a necessidade de mais estímulos seria maior”, disse Laatus.

Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos, também ressalta que algumas preocupações locais, que, segundo ele, ainda sofre com a expectativa de novos cortes de juros, após parte do mercado ter interpretado que o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou a porta aberta para mais um corte residual de 0,25 ponto percentual. Na última reunião, de quarta-feira, o Copom cortou a taxa básica de juros para 2% ao ano, renovando a mínima histórica.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólar

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol