Detalhe de uma nota de dólar: na mínima, a moeda marcou R$ 2,0320 e, na máxima, R$ 2,0360 (AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2012 às 17h22.
São Paulo - A reação inicial dos mercados globais à reeleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi de certo otimismo, mas ainda no início da manhã a análise do momento político norte-americano deu uma guinada. Definido o presidente, as atenções se voltaram para o "abismo fiscal" que pode surgir no país em janeiro, caso não haja apoio para renovar os incentivos à economia.
Os receios determinaram as perdas nos mercados de ações e fizeram o dólar subir ante outras divisas, entre elas o real. Porém, como se repete nas últimas semanas, a moeda norte-americana varia pouco ante o real e mais livremente frente a divisas de países exportadores de commodities.
Ao fim da sessão, o dólar à vista mostrou leve alta de 0,05% no balcão, cotado a R$ 2,0350. Na mínima, a moeda marcou R$ 2,0320 e, na máxima, R$ 2,0360. Na BM&F, a moeda à vista fechou em alta de 0,07%, a R$ 2,0347, com três negócios.
Mais cedo, a eleição de Obama ajudou a sustentar o euro ante o dólar e as ações no mercado europeu. "Aparentemente, o mercado entendeu que a eleição de Obama abriria espaço para a continuidade das medidas de incentivo nos Estados Unidos, o que manteria o dólar depreciado", comentou Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, em referência às perdas do dólar no início do dia.
O movimento durou pouco, em meio às notícias ruins da Europa e à volta dos receios com o abismo fiscal norte-americano. Na zona do euro, as vendas no varejo caíram 0,2% em setembro ante agosto e recuaram 0,8% ante setembro do ano passado. Os resultados vieram em linha com o esperado. Porém, a Comissão Europeia informou que o bloco vai registrar recessão maior que o previsto em 2012 e se recuperar muito lentamente em 2013, com o desemprego aumentando.
Nos EUA, a divisão do Congresso entre democratas e republicanos lança dúvidas sobre o futuro fiscal. O primeiro teste para Obama deve começar na próxima semana, quando os representantes da Câmara e os senadores voltarem do recesso para lidar com o abismo fiscal - ou seja, um total de cortes de US$ 600 bilhões entrarão em vigor em janeiro. Se o problema não for resolvido, os EUA podem entrar em uma nova recessão.
Neste contexto, o dólar passou a subir em relação a outras divisas. No Brasil, os ganhos ante o real foram limitados, sendo que profissionais do mercado seguem citando o receio com as atuações do Banco Central (BC) para justificar as oscilações limitadas, em um ambiente de baixa liquidez.