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Mesmo com leilão do BC, dólar supera R$ 4,65 com possível corte de juros

Especuladores também estão testando qual é o limite de alta da cotação até o Banco Central intervir com mais firmeza no mercado

 (Adam Drobiec/EyeEm/Getty Images)

(Adam Drobiec/EyeEm/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2020 às 09h10.

Última atualização em 5 de março de 2020 às 16h38.

São Paulo — O dólar comercial superou o patamar de 4,65 reais na nesta quinta-feira (5), subindo pelo 12° dia consecutivo, em meio à crescente expectativa de que o Banco Central brasileiro vai seguir o americano e cortar a taxa básica de juros Selic para tentar amortecer os efeitos econômicos negativos da epidemia global de coronavírus. Os especuladores no mercado de câmbio também estão testando o BC para tentar entender até que ponto a autoridade monetária vai permitir que a moeda americana continue subindo antes de intervir de forma mais firme. Com a alta do dólar comercial, o dólar turismo era vendido 4,86 reais nas casas de câmbio e 5,07 reais no cartão pré-pago.

Às 16h30, o dólar avançava 1,48%, a 4,6486 reais na vendada, depois de tocar 4,6648 reais, máxima histórica intradiária. No ano, a divisa acumula alta de mais de 15%.

Para tentar conter a alta do dólar, o Banco Central realizou entre às 9h30 e 9h40, um leilão de 1 bilhão de dólares via swap cambial e outro às 11h30 também de 1 bilhão de dólares. Os leilões chegaram a atenuar o movimento de valorização do dólar, mas a moeda voltou a ganhar força nos instantes seguintes. Para analistas do mercado, a intervenção é pequena e alterar pouco o movimento natural de alta.

A disparada do dólar nos últimos dias acompanha as chances de queda da Selic, com o mercado já projetando uma taxa abaixo de 4% em 2020. Há dois dias, em uma reunião extraordinária, o Federal Reserve, banco central americano, cortou a sua taxa de juros de referência em 0,5 ponto percentual, para entre 1% e 1,25% ao ano. O objetivo é encorajar empresas e consumidores a tomar mais crédito para investimentos produtivos ou para compras e evitar que a atividade econômica desacelera em meio ao pânico com o coronavírus, que tem feito fábricas fechar e turistas cancelarem viagens.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) se reúne a cada 45 dias. A próxima reunião ordinária está marcada para 17 e 18 de março. Se o BC reduzir a Selic, atualmente em 4,25% ao ano, investidores internacionais que aplicavam o seu dinheiro no Brasil podem sair do país em busca de alternativas mais interessantes e com menos risco. Aí, precisam comprar dólares no mercado para mandar os recursos para outro lugar. O aumento da demanda pela moeda americana faz a cotação subir.

Para indicar ao mercado que vai continuar fornecendo dólares a quem precisa comprar — por exemplo, importadores que têm compromissos no exterior a honrar ou subsidiárias locais de multinacionais que precisam fazer remessas de lucros — e tentar evitar o pânico no mercado, o BC vai vender no mercado hoje até 20 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020.

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