Mercados

Dólar sobe ante real, na contramão do exterior, mesmo após ação do BC

O dólar fechou em alta de 0,53 por cento, a 3,7831 reais, depois de ir a 3,7876 reais na máxima do dia. Na semana, acumulou valorização de 1,42 por cento

Dólar: moeda futura subia cerca de 0,35 por cento (iStock/Getty Images)

Dólar: moeda futura subia cerca de 0,35 por cento (iStock/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 22 de junho de 2018 às 17h12.

Última atualização em 22 de junho de 2018 às 17h26.

São Paulo - O dólar encerrou esta sexta-feira em alta, prevalecendo a cautela de investidores com a cena política local, mesmo após atuação do Banco Central.

Na semana, a autoridade monetária colocou metade dos 10 bilhões de dólares que previa injetar no sistema por meio de leilões de swap cambial tradicional.

O dólar fechou o dia em alta de 0,53 por cento, a 3,7831 reais, depois de ir a 3,7876 reais na máxima. Na semana, acumulou valorização de 1,42 por cento. O dólar futuro subia cerca de 0,35 por cento.

"O mercado está cauteloso... sensível. Então, qualquer notícia incomoda e o mercado se junta para puxar", afirmou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado.

A cena doméstica segue incomodando os investidores, sobretudo as indefinidas eleições de outubro, com as pesquisas de intenção de voto mostrando que os pré-candidatos mais comprometidos com ajuste fiscal e reformas, mostrando fraqueza.

Os mercados também estão na expectativa do julgamento pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de novo pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de dois meses por crime de corrupção.

Os investidores entendem que, solto, Lula pode atuar como importante cabo eleitoral de um candidato que os desagradem.

Em parte do pregão, a moeda caiu, em sintonia com o exterior, em dia de correção após o nervosismo recente em meio às preocupações de guerra comercial nos Estados Unidos.

Entretanto, a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor sobretaxas de 20 por cento sobre exportações de veículos da União Europeia foi usada de pretexto para os investidores locais comprarem dólar, na contramão do movimento externo.

No fechamento doméstico, o dólar recuava frente a uma cesta de moedas, e também ante divisas de países emergentes, como o peso chileno e mexicano.

O Banco Central chegou a atuar na sessão, injetando 1 bilhão de dólares em novos contratos de swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares--, mas isso foi insuficiente para conter a alta da moeda.

Na semana passada, o BC informara que injetaria 10 bilhões de dólares nesta semana em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Mas com a venda desta sexta-feira, só colocou 5 bilhões de dólares.

"Se o BC não colocar os 10 bilhões de dólares (que previu que colocaria) até esta sexta-feira, ele vai dar a entender que dará continuidade (aos leilões)", avaliou Amado.

O mercado, no entanto, aguardava para saber se haveria alguma nova informação, após o fechamento do mercado, sobre os próximos passos do BC.

Neste pregão, a autoridade também vendeu integralmente 8.800 swaps para rolagem do vencimento de julho. Assim, já rolou 7,04 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence no mês que vem. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.

A ação mais contundente do BC veio nas últimas semanas diante do movimento de forte aversão ao risco, que chegou a levar o dólar para acima do patamar de 3,90 reais, devido sobretudo à cena política local.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarEstados Unidos (EUA)

Mais de Mercados

Luigi Mangione se declara inocente de acusações de assassinato no caso da morte de CEO nos EUA

Os destaques do mercado em 2024: criptomoedas, Inteligência Artificial e surpresas globais

Ex-presidente da Nissan, brasileiro Carlos Ghosn diz que fusão com Honda “não faz sentido”

Prosus compra a Decolar por US$ 1,7 bilhão e empresa sairá da bolsa de Nova York