Mercados

Dólar sobe 0,66% com aversão ao risco no exterior

Moeda norte-americana avançou a R$ 3,7894 na venda

Dólar: fortes quedas nas bolsas norte-americanas na véspera pressionaram a moeda (Sertac Kayar/Reuters)

Dólar: fortes quedas nas bolsas norte-americanas na véspera pressionaram a moeda (Sertac Kayar/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 21 de novembro de 2018 às 17h24.

Última atualização em 21 de novembro de 2018 às 17h31.

São Paulo - O dólar terminou esta quarta-feira, 21, em alta ante o real, em um ajuste ao forte movimento de aversão ao risco registrado no exterior na véspera, embora a recuperação lá fora nesta sessão tenha contido o movimento.

O feriado nos Estados Unidos no dia seguinte diminuiu a liquidez e amplificou um pouco o movimento de valorização da moeda, que teve contribuição ainda da retirada do projeto de cessão onerosa da pauta do Senado na véspera. O dólar avançou 0,66 por cento, a 3,7894 reais na venda, depois de terminar a segunda-feira em alta de 0,66 por cento, a 3,7645 reais. O dólar futuro tinha valorização de cerca de 0,8 por cento.

"As tensões se elevam com a recente realização de lucros, principalmente de empresas de tecnologia americanas e com a forte derrocada do petróleo", disse a gestora Infinity em relatório ao explicar o movimento da véspera, que teve contribuição ainda da "contínua pressão nos juros americanos, com o ciclo ainda não terminado de aperto monetário". "A contração econômica, principalmente com a falta de resolução da guerra comercial deixa um contínuo temor de piora à vista", emendou.

Na terça-feira, Dia da Consciência Negra em algumas cidades brasileiras, com os mercados domésticos fechados, as bolsas norte-americanas terminaram com fortes quedas, pressionadas pelo setor de tecnologia, preocupações com o crescimento global e a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Nesta quarta, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas previsões de crescimento global justamente por causa das tensões comerciais e taxas de juros mais altas. Agora, projetou que o crescimento global vai desacelerar de 3,7 por cento este ano para 3,5 por cento em 2019 e 2020. Anteriormente, a expectativa era de um crescimento de 3,7 por cento para 2019.

A desaceleração do crescimento global será pior em países não-membros da OCDE, com muitas economias de mercados emergentes provavelmente registrando saídas de capital à medida que o banco central dos EUA aumente gradualmente a taxa de juros. A OCDE reduziu suas perspectivas para países em risco, como Brasil, Rússia, Turquia e África do Sul.

O dólar caía ante a cesta de moedas, depois de bater a mínima após dados fracos sobre a economia norte-americana, como as encomendas de bens duráveis, que caíram mais do que o previsto no mês passado. A moeda norte-americana também recuava sobre divisas de países emergentes, como o peso chileno e o rublo.

Internamente, os investidores também repercutiram nesta sessão as últimas indicações da equipe do novo governo. Na véspera, foi indicado o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) para o Ministério da Saúde. "O DEM tem se tornado uma peça-chave ao novo governo na sua formação", destacou a gestora Infinity, avaliando que "a equipe econômica continua pautada pela tecnicidade (...) e continua a agradar ao mercado".

"Tais escolhas são muito importantes, pois a perspectiva de crescimento global mais modesto para os próximos anos se choca com a tentativa de recuperação da economia brasileira, daí a necessidade de bons nomes", concluiu.

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou a criação de uma Secretaria de Privatizações, com o objetivo de acelerar a venda de ativos brasileiros e melhorar a saúde fiscal do país.

Nesta manhã, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou que o novo governo pretende não só reduzir o número de ministérios, como também as estruturas das pastas. A retirada da pauta do Senado pelo seu presidente, Eunício Oliveira (MDB-CE), do projeto de cessão onerosa acabou desagradando um pouco os investidores e ajudou a sustentar a trajetória de alta da moeda norte-americana internamente.

O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 8,160 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Acompanhe tudo sobre:DólarMercado financeiro

Mais de Mercados

Realização de lucros? Buffett vende R$ 8 bilhões em ações do Bank of America

Goldman Sachs vê cenário favorável para emergentes, mas deixa Brasil de fora de recomendações

Empresa responsável por pane global de tecnologia perde R$ 65 bi e CEO pede "profundas desculpas"

Bolsa brasileira comunica que não foi afetada por apagão global de tecnologia

Mais na Exame