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Dólar salta a quase R$3,90 e fecha novembro em alta

O dólar fechou em alta de mais de 1,5 por cento, perto de 3,90 reais, reagindo a preocupações com o impacto da prisão do ex-presidente do BTG Pactual


	Dólares: dólar avançou 1,65 por cento, a 3,8865 reais na venda
 (Juan Barreto/AFP)

Dólares: dólar avançou 1,65 por cento, a 3,8865 reais na venda (Juan Barreto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2015 às 16h28.

São Paulo - O dólar fechou em alta de mais de 1,5 por cento nesta segunda-feira, perto de 3,90 reais, reagindo a preocupações com o impacto da prisão do ex-presidente do BTG Pactual, André Esteves, sobre o mercado doméstico e com possíveis desdobramentos para o quadro político brasileiro.

O dólar avançou 1,65 por cento, a 3,8865 reais na venda, maior nível de fechamento desde 28 de outubro, quando ficou em 3,9201 reais. A moeda norte-americana anulou nesta sessão o recuo que havia acumulado em novembro e terminou o mês com alta de 0,61 por cento, após cair 2,59 por cento em outubro.

"Esse é o novo normal: volatilidade e risco alto. Estamos vivendo um período muito conturbado e toda faísca vira fogo", disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.

No fim de semana, Esteves renunciou a todos os seus cargos no BTG após o Supremo Tribunal Federal (STF) mantê-lo preso por tempo indeterminado por suspeita de obstrução da operação Lava Jato, que investiga escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.

A preocupação é de que mais denúncias possam surgir no campo político ou que o próprio BTG seja muito atingido, o que poderia obrigá-lo a desmontar posições no mercado e, assim, afetar a liquidez. Novas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também se somaram ao quadro de incertezas.

"A volatilidade é a regra, não dá para ter grandes certezas", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Na máxima desta sessão, o dólar subiu a 3,9237 reais e, na mínima, a 3,8247 reais.

Investidores também adotaram cautela antes da votação da meta de resultado primário deste ano, marcada para terça-feira no Congresso Nacional, em meio a turbulências após a prisão do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).

As prisões de Delcídio e de Esteves, na manhã de quarta-feira passada, serviram de gatilho para um salto da moeda norte-americana. Até o fechamento de terça-feira, o dólar acumulava queda de 4,11 por cento no mês, mas anulou todo esse recuo nas quatro sessões seguintes.

"O mercado estava com humor muito positivo em relação ao nosso cenário local, sendo que só tivéssemos notícias péssimas", resumiu o operador de renda fixa da corretora Renascença Luis Felipe Laudisio.

O dólar operou em alta durante toda a sessão desta segunda-feira, mas chegou a apresentar avanços bem menores na parte da manhã. Operadores atribuíram a volatilidade matutina à briga pela formação da Ptax de novembro, taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais.

Outro motivo que teria levado o dólar a afastar-se das máximas do dia foi a atuação do Banco Central, embora esse movimento não tenha se sustentado pela tarde. A autoridade monetária fez nesta tarde leilão de venda de até 2,75 bilhões de dólares com compromisso de recompra, com fim de rolar as linhas que vencem em dezembro.

Além disso, o BC também dará início na terça-feira à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, sinalizando que deve repor integralmente os contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

"O BC adotou a atitude correta. Ele quer evitar que o mercado engrene em um círculo vicioso de pessimismo como aquele que vimos há alguns meses", disse o operador de um banco internacional, referindo-se à escalada da moeda norte-americana em agosto e setembro, que levou o BC e o Tesouro Nacional a atuarem de forma conjunta no mercado.

Texto atualizado às 17h28

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