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Dólar salta 1,24% e vai acima de R$3,90

O dólar subiu mais de 1 por cento e fechou acima de 3,90 reais pela primeira vez em um mês e meio


	Dólar: dólar avançou 1,24 por cento, a 3,9247 reais na venda
 (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: dólar avançou 1,24 por cento, a 3,9247 reais na venda (Gary Cameron/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2015 às 19h42.

São Paulo - O dólar subiu mais de 1 por cento nesta quarta-feira e fechou acima de 3,90 reais pela primeira vez em um mês e meio, com investidores preocupados com a possibilidade de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixar o governo, com o rebaixamento da nota brasileira pela Fitch e antes da esperada elevação dos juros nos Estados Unidos.

O dólar avançou 1,24 por cento, a 3,9247 reais na venda. É a primeira vez que a moeda norte-americana encerra acima de 3,90 reais desde 28 de outubro, quando terminou a 3,9201 reais.

No momento do fechamento do mercado à vista, o Federal Reserve, banco central dos EUA, elevou a taxa de juros do país como era esperado. O dólar futuro ampliou ligeiramente a alta imediatamente após a decisão, para cerca de 1,5 por cento, mas perdeu força em seguida, para cerca de 0,70 por cento de valorização.

"A redução da meta fiscal enfraquece cada vez mais o Levy. A permanência dele no governo parece estar com as horas contadas", disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.

Na noite passada, foi divulgado que a meta de superávit primário do setor público consolidado seria reduzida para cerca de 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), com a possibilidade de que o objetivo seja zerado com abatimentos.

No entanto, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou nesta quarta-feira a redução da meta, mas sem possibilidade de abatimento. A decisão ainda precisa ser aprovada pelo plenário do Congresso Nacional.

Levy já havia se manifestado abertamente muitas vezes contra a mudança da meta de superávit e até ameaçou, nos bastidores, deixar o cargo caso fosse alterada. O ministro vem encabeçando a campanha pela austeridade fiscal e investidores entendem sua eventual saída do governo como um sinal de mais atrasos no reequilíbrio das contas públicas.

O quadro de cautela durante a sessão foi intensificado pela aguardada reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que terminou após o encerramento dos negócios. Operadores já davam como certo que os juros seriam elevados e a reação foi bastante contida, com o Fed indicando que deve ser gradual nos próximos aumentos.

O movimento do câmbio também foi acentuado pela ansiedade durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidirá sobre o rito do processo de impeachment contra Dilma. De maneira geral, a campanha pelo afastamento da presidente tem sido bem recebida nos mercados, mas muitos se preocupam com os impactos econômicos da incerteza política.

"Sem um grau de investimento e enfrentando problemas políticos e econômicos significativos, o Brasil não está em boa posição para enfrentar as consequências do aumento dos juros pelo Fed", escreveu o economista para mercados emergentes do banco BBVA, em nota clientes, Enestor dos Santos.

FITCH

No início da tarde, o dólar sofreu mais um baque após a Fitch cortar a nota de crédito do país para "BB+", contra "BBB-", citando a recessão mais profunda do que o esperado, o quadro fiscal e a incerteza política.

Foi neste momento que o dólar atingiu a máxima do dia, a 3,9676 reais na venda.

A Standard & Poor's havia rebaixado o país para grau especulativo em setembro e, na semana passada, a Moody's ameaçou fazer o mesmo em breve.

"Era uma certeza, a Fitch só ganhou a corrida. Agora, a Moody's está atrasada para a festa", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

Muitos fundos são obrigados a vender seus ativos brasileiros quando pelo menos duas importantes agências retiram o grau de investimento do país. No entanto, operadores ressaltaram que a decisão já era esperada e parte relevante desse ajuste já havia sido feito no mercado.

Pela manhã, o Banco Central deu sequência à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 6,565 bilhões de dólares, ou cerca de 61 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.

Texto atualizado às 20h42

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