Dólar interrompe sequência de 7 quedas e termina em alta com Fed
O Banco Central brasileiro não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, postura que não adotava desde o dia 1º de dezembro
Reuters
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 17h22.
São Paulo - O dólar fechou a quarta-feira em alta ante o real, interrompendo sequência de sete quedas seguidas, com os investidores sob a expectativa com a reunião do Federal Reserve , banco central norte-americano, nesta tarde.
O Banco Central brasileiro não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, postura que não adotava desde o dia 1º de dezembro.
O dólar avançou 0,22 por cento, a 3,3332 reais na venda, depois de acumular baixa de 4,22 por cento nas últimas sete sessões.
O dólar futuro, que caía pouco antes da divulgação do encontro do Fed, passou a subir e registrava elevação de cerca de 0,40 por cento nesta tarde.
O resultado da reunião do Fed foi conhecido às 17h (horário de Brasília), confirmando o que amplamente esperava o mercado, com os juros subindo para a faixa entre 0,5 e 0,75 por cento, contra 0,25 a 0,5 por cento, onde permaneceu desde que o Fed promoveu uma alta há um ano.
O Fed informou ainda que via três altas de juros em 2017.
O pano de fundo da reunião era de maior significado para o mercado. Após anos em que o Fed mostrou-se inquieto com juros baixos e inflação fraca, as semanas desde a vitória de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos levaram ao aumento tanto dos rendimentos dos títulos quanto das expectativas de inflação.
Havia a perspectiva de que o Fed elevaria a taxa em pelo menos duas ocasiões no próximo ano.
O BC brasileiro não anunciou nenhum tipo de intervenção. Na véspera, fez leilão de linha --venda com compromisso de recompra de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em janeiro.
Na segunda-feira, o BC havia concluído a rolagem dos contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no futuro, de janeiro. O próximo lote vence em 1º de fevereiro, correspondente a 6,431 bilhões de dólares.
O mercado também ficou de olho na cena política brasileira, em especial no Congresso Nacional, onde havia importantes votações nesta sessão.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados deve votar ainda nesta quarta-feira a admissibilidade da proposta da reforma da Previdência, enquanto que a Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Senado deve votar o relatório final do Orçamento para 2017 e, em seguida, passar pela aprovação do Congresso Nacional.
Na véspera, o governo conseguiu garantir, mesmo com votação mais apertada, que o Senado aprovasse em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece teto para o crescimento das despesas públicas por 20 anos.
"Apesar do quadro político nebuloso, o governo parece estar conseguindo andar com uma agenda positiva, o que contribui para diminuir o nervosismo dos agentes. As medidas que devem sair amanhã, são um exemplo disso", comentou o economista da corretora Guide, Ignácio Crespo Rey.
No dia seguinte, o governo deve anunciar medidas de incentivo à economia.