O dólar à vista caiu 0,24 por cento, a 3,9443 reais na venda (NurPhoto/Getty Images)
Reuters
Publicado em 10 de maio de 2019 às 17h37.
Última atualização em 10 de maio de 2019 às 17h48.
São Paulo - O dólar teve uma sessão volátil nesta sexta-feira e acabou fechando em leve baixa, influenciado pela do sinal de risco no exterior em dia de negociação comercial entre EUA e China.
O dólar à vista caiu 0,24 por cento, a 3,9443 reais na venda. Na semana, porém, a cotação ainda subiu 0,13 por cento, na quinta semana consecutiva de alta, mais longa série do tipo desde dezembro do ano passado. Na B3, a referência do dólar futuro tinha alta de 0,18 por cento, a 3,9625 reais, por volta de 17h40.
A semana foi de intenso vaivém no câmbio, diante da escalada do embate tarifário entre EUA e China, os passos do andamento da reforma previenciária no Brasil e do fortalecimento de apostas de quedas da Selic ainda neste ano, o que minaria ainda mais a atratividade do real frente a outras divisas emergentes.
O que ficou claro, porém, é que o mercado evita compras de dólares com a moeda próxima da marca psicológica dos 4 reais, revistada nesta semana.
A impressão de que esse nível incomoda o Banco Central influenciou na realização de lucros em momentos quando a cotação alcançava os 4 reais.
Para estrategistas do Morgan Stanley, tanto o posicionamento de agentes de mercado --já bastante comprados em dólar-- quanto os preços do câmbio sugerem que o cenário de mais desvalorização do real pode perder força.
"Nos atuais patamares, a moeda (brasileira) está atrativa", dizem em nota a clientes.
O banco iniciou posição comprada em reais contra o euro, com ponto de entrada em 4,55 reais por euro e meta de 4,26 reais. O euro valia nesta sexta-feira 4,45 reais.
A bolsa paulista fechou em queda nesta sexta-feira e no acumulado da semana marcada por reviravolta nas negociações comerciais entre os EUA e China, enquanto a cena doméstica contemplou uma bateria de balanços corporativos e a retomadas das discussões sobre a reforma da Previdência.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,58%, a 94.257,56 pontos, na sessão, que teve volume financeiro de 13,26 bilhões de reais. Na semana, o Ibovespa perdeu 1,82% por cento.
No exterior, negociadores norte-americanos e chineses encerraram nova rodada de negociação nesta sexta-feira sem acordo comercial, apesar de comentários positivos de ambos os lados sobre a reunião, incluindo do presidente Donald Trump, embora ele tenha dito não ter pressa para um desfecho.
Os EUA começaram a cobrar a partir desta sexta-feira tarifas de 25% sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses. A expectativa é de que Pequim retalie.
"O mercado está apreensivo com a guerra comercial", destacou Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, que vê no movimento de Trump mais uma estratégia de negociação, com chance de solução no curto prazo.
Ao mesmo tempo, destacou, a economia no Brasil tem se mostrado mais fraca do que o esperado, o que pode ser visto nos resultados de empresas de varejo e de alimentos.
O quadro de recuperação ainda bastante lenta da atividade brasileira, combinada com um ambiente de preços comportados tem apoiado apostas de um afrouxamento monetário pelo Banco Central ainda este ano, embora tal cenário ainda considere a aprovação da reforma da Previdência.
"A pressão para a queda da taxa Selic já começa a transcender a reforma da Previdência", destacou o operador Alexandre Soares, da BGC Liquidez DTVM.
Quanto às mudanças das regras de acesso a aposentadorias, a comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará o mérito da proposta começou os trabalhos nesta semana, com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira, mas sem definir um prazo para votação da matéria no colegiado.
VALE fechou em alta de 1,9% após sessão volátil, tendo de pano de fundo prejuízo líquido de 1,64 bilhão de dólares no primeiro trimestre, com impactos do desastre de Brumadinho, que também a fez ter seu primeiro Ebitda ajustado negativo de sua história. A mineradora estimou que poderá levar até três anos para voltar a atingir ritmo de produção de minério de ferro antes planejado para 2019.
- SUZANO recuou 8,72%, em meio a ajustes ao salto de na véspera, tendo também de pano de fundo prejuízo líquido de 1,23 bilhão de reais no primeiro trimestre, com impacto de aumento do resultado financeiro negativo e queda nas vendas de celulose e papel. Na véspera, a companhia estimou uma produção menor em 2019 em relação a 2018.
- B2W caiu 6,5%, entre as maiores quedas do Ibovespa, tendo de pano de fundo balanço do primeiro trimestre. , assim como sua controladora, a LOJAS AMERICANAS PN , que perdeu 3,75%, também após reportar números dos primeiros meses de 2019 e prometer acelerar investimentos para cumprir um plano de expansão em 2019.
- CVC Brasil cedeu 8,58%, no primeiro pregão após o balanço.
- BRF teve queda de 2,77%, em meio ao terceiro prejuízo trimestral seguido, quando aumentos de preço elevaram a receita mas não conseguiram compensar custos maiores com ração. A companhia disse que espera melhoria de margens com queda de oferta de animais na China e de custo de grãos
- ESTÁCIO valorizou-se 2,11%, após balanço trimestral, com lucro líquido de 240,8 milhões de reais no primeiro trimestre. No setor, KROTON, que divulga resultado na próxima semana, subiu 5,1 por cento.
- PETROBRAS PN fechou em queda de 0,56%, em sessão de pequenas variações dos preços do petróleo.
- BANCO DO BRASIL cedeu 1,7%, capitaneando as perdas entre os bancos do Ibovespa. ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,46% e BRADESCO PN cedeu 0,89 por cento.