Mercados

Dólar fecha abaixo de R$ 3,65 após denúncia de Lula

Moeda teve queda de 1,5 por cento e fechou abaixo de R$ 3,65 pela primeira vez desde agosto do ano passado


	Dólar: moeda chegou a subir a 3,711 reais diante de especulações de que o Banco Central poderia reduzir sua intervenção cambial.
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Dólar: moeda chegou a subir a 3,711 reais diante de especulações de que o Banco Central poderia reduzir sua intervenção cambial. (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de março de 2016 às 17h28.

São Paulo - O dólar caiu 1,5 por cento nesta quinta-feira, encerrando abaixo de 3,65 reais pela primeira vez desde agosto de 2015, reagindo à denúncia do Ministério Público paulista contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O dólar recuou 1,50 por cento, a 3,6414 reais na venda, menor nível de fechamento desde 31 de agosto de 2015 (3,6271 reais).

A moeda norte-americana atingiu 3,6349 reais na mínima do dia, após chegar a subir a 3,7110 reais diante de especulações de que o Banco Central poderia reduzir sua intervenção cambial.

Com o movimento desta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou em queda em sete das últimas oito sessões, marcando sempre baixas de mais de 1 por cento e acumulando queda de 9,04 por cento no período. O dólar futuro caía cerca de 1,6 por cento.

"O fator político é o grande direcionador da moeda e assim será por algum tempo", disse o economista da corretora Lerosa Investimentos Carlos Vieira.

Na noite passada, o MP paulista denunciou Lula no caso em que é suspeito de ser o proprietário oculto de um apartamento tríplex no Garujá, no litoral paulista.

Muitos operadores vêm vendendo dólares, em um movimento concentrado no mercado futuro, apostando que eventuais mudanças no governo poderiam ajudar a recuperação da economia brasileira.

Alguns analistas ponderam, porém, que as turbulências políticas tendem a pressionar a confiança.

Pela manhã, o dólar chegou a esboçar leves altas em meio a apostas de que o BC pode aproveitar a queda recente para reduzir o estoque de swaps cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares.

Na sexta-feira passada, quando o dólar desabou após Lula ser levado para questionamento pela Polícia Federal, o BC vendeu apenas parcialmente a oferta de swaps para rolagem dos contratos para abril. No entanto, a autoridade monetária não reduziu a oferta nos leilões seguintes e voltou a vender desde então o lote integral.

"O mercado encheu de ruído sobre o BC. Algumas pessoas acham que ele pode ver espaço para diminuir a rolagem neste mês", disse o operador de uma corretora nacional. O BC rolou integralmente os últimos sete vencimentos de swaps.

Nesta sessão, continuou na mesma toada e vendeu a oferta total de 9,6 mil contratos no leilão de swaps para rolagem. Ao todo, a autoridade monetária já rolou 3,663 bilhões de dólares, ou cerca de 36 por cento do lote total para abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.

O recuo da moeda norte-americana nesta sessão foi influenciado também pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) de afrouxar a política monetária mais do que o esperado. Esse efeito perdeu força, porém, após o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmar que não prevê mais cortes de juros à frente.

"Não devemos esperar mais ações até que o BCE veja o impacto das medidas de hoje... Em última instância, acreditamos que o BCE está comprando tempo", escreveram analistas do banco BBH em nota a clientes.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarLuiz Inácio Lula da SilvaMercado financeiroMoedasPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol