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Dólar dispara e fecha mês acima de R$2,13

A divisa norte-americana encerrou a sessão em seu maior nível desde maio de 2009


	Cotação também foi pressionada por saídas de dólar típicas de fim de mês
 (SXC.HU)

Cotação também foi pressionada por saídas de dólar típicas de fim de mês (SXC.HU)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 18h13.

São Paulo - O dólar fechou acima de 2,13 reais nesta sexta-feira, o maior nível em mais de 3 anos e meio, depois que números decepcionantes para o PIB brasileiro alimentaram especulações de que o governo fará uso de um real mais fraco para estimular a economia.

A moeda norte-americana fechou em alta de 1,61 por cento, a 2,1307 reais na venda, o maior patamar desde o dia 5 de maio de 2009, quando encerrou em 2,149 reais.

No mês, a divisa acumulou ganhos de 4,95 por cento, maior alta mensal desde maio deste ano. No ano, a alta é de 14 por cento.

Segundo dados da BM&F, o volume negociado foi de 2,725 bilhões de dólares, maior do que os cerca de 1,5 bilhão de dólares registrados em cada uma das últimas três sessões.

Saídas de dólares próprias de fim de mês também pressionaram a cotação da moeda norte-americana no último dia do mês, quando normalmente há mais escassez de dólares no mercado, com muitas filiais brasileiras enviando recursos para suas matrizes no exterior.

A ausência do Banco Central do mercado de câmbio sugeria para alguns investidores que a autoridade monetária está confortável com um dólar mais alto e que a banda informal para o câmbio que tem vigorado desde o começo de julho está se deslocando para cima. Além disso, cresciam as expectativas de que o dólar irá fechar o ano acima de 2,10 reais.


"Acho que o mercado está querendo testar o BC novamente, se o BC passaria a trabalhar com teto mais alto e permitiria o dólar se valorizar um pouco mais para impulsionar a economia, já que o PIB foi fraco", disse o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.

A economia brasileira cresceu 0,6 por cento no terceiro trimestre deste ano ante o segundo trimestre, muito abaixo dos 1,2 por cento esperados pelo mercado. A retração dos investimentos no período foi a pior em mais de três anos.

Os últimos sinais de que o governo pretende fazer uso de um dólar mais alto para aumentar a competitividade de empresas brasileiras no exterior vieram na última sexta-feira, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a taxa de câmbio estava num patamar razoável, porém não totalmente satisfatório.

As declarações de Mantega fizeram o dólar disparar para quase 2,12 reais durante naquela sessão, levando o BC a intervir por meio de um leilão de swap cambial tradicional, operação que equivale a venda de dólares no mercado futuro.

Na ocasião, o BC vendeu 32.500 contratos da oferta de até 62,8 mil contratos de swap cambial tradicional, substituindo parte dos 62,8 mil contratos de swap cambial reverso --equivalentes a compra de dólares no mercado futuros-- que vencem na segunda-feira, dia 3 de dezembro.

Alguns operadores esperavam que o BC voltaria a oferecer o restante desses contratos de swap tradicional para segurar uma alta excessiva do dólar.


Mas o fato de a autoridade monetária não ter atuado nesta sessão levou operadores a se perguntarem qual será o novo teto da banda informal para o dólar -- que desde julho vinha oscilando entre 2,0 e 2,10 reais.

"Já estávamos vendo que essa banda poderia mudar e o teto pode ser agora 2,15 reais. É natural que ocorresse uma correção do dólar e voltasse a aumentar a volatilidade. O dólar deve fechar o ano, com certeza, acima de 2,10 reais", afirmou o especialista em câmbio da Icap Corretora Italo dos Santos.

Mais cedo, a disputa pela formação da Ptax -- uma taxa média do dólar calculada pelo Banco Central -- ajudou a impulsionar o dólar. A Ptax de novembro foi fechada por volta das 13h desta sexta-feira, e é comum que haja maior volatilidade logo antes do fechamento da taxa pois agentes do mercado buscam uma cotação mais favorável para seus negócios.

Durante o mês de novembro, também contribuiu para a alta do dólar o cenário de maior aversão ao risco no exterior, com a questão fiscal dos Estados Unidos no foco dos investidores.

"O mercado continua nervoso no exterior e o final do ano já é historicamente de muita saída de dólares e remessas para fora", disse Santos.

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