O dólar no mercado à vista abriu a R$ 1,970, com baixa de 0,10% (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 10h43.
São Paulo - A cerca de uma semana do início da reunião do Copom de março, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deixou claro no domingo (24) que a prioridade do BC é combater a inflação, e não estimular o crescimento.
A afirmação da autoridade monetária ao Wall Street Journal, depois que o IPCA-15 de fevereiro intensificou na sexta-feira (22) a cautela do mercado com o avanço dos preços, pode ajudar a manter a curva de juros futuros pressionada e deixar espaço para um ajuste de alta do dólar, segundo um operador de tesouraria de um banco.
No entanto, como esta é a última semana de fevereiro e os bancos estão fortemente vendidos em câmbio, além dos estrangeiros também estarem vendidos em cupom cambial-DDI, esses agentes já exercem pressão para o recuo da moeda dos EUA, disse a mesma fonte.
O Objetivo é o de maximizar a possibilidade de retorno financeiro na liquidação de suas posições vendidas em dólar nos mercados à vista e futuro, explicou a fonte. Na próxima quinta-feira será definida a taxa Ptax do fim de fevereiro, que servirá para os ajustes dos contratos futuros que vencem em 1º de março.
A queda do dólar ante o euro e em relação a algumas moedas correlacionadas a commodities no exterior também favorece a discreta valorização do real ante o dólar neste início de sessão. Às 9h23, o euro subia a US$ 1,3292, de US$ 1,3195 no fim da tarde de sexta-feira (22). O dólar norte-americano recuava diante do dólar australiano (-0,29%), da rupia indiana (-0,80%), do dólar neozelandês (-0,61%) e do peso mexicano (-0,34).
O dólar no mercado à vista abriu a R$ 1,970, com baixa de 0,10%. Até 9h27, a moeda spot caiu até R$ 1,9660 (-0,30%). No mercado futuro, nesse horário, o dólar para março de 2013 recuava 0,33%, a R$ 1,9675. Após abrir em R$ 1,970 (-0,20%), esse vencimento da moeda oscilou de R$ 1,9660 (0,41%) a R$ 1,9705 (-0,18%).
Na semana passada, em meio aos sinais preocupantes sobre a inflação e declarações de autoridades do governo sobre as políticas monetária e cambial, alguns investidores estrangeiros já ampliaram suas apostas no avanço da moeda dos EUA no mercado futuro.
Agora, com as novas declarações do presidente do BC, os investidores devem recalibrar suas apostas para a reunião do Copom na próxima semana. Tombini afirmou que "a nossa meta é a inflação, então temos que ajustar e calibrar as nossas políticas para cumprir as metas". Segundo ele, "o crescimento não é uma meta para o Banco Central."
As declarações também antecedem a divulgação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e também o dado fechado de 2012. A expectativa no mercado é de que a economia do Brasil pode ter crescido cerca de 1% em 2012. Ao mesmo tempo, a taxa anualizada de inflação atingiu 6,2% em meados de fevereiro, perto do teto (de 6,5%) da banda de oscilação da meta de inflação, cujo centro é 4,5% ao ano.
Na manhã desta segunda-feira, Tombini participa de reunião com investidores em Nova York (EUA), fechada à imprensa. Ele também tem agendada uma reunião com o presidente e o vice-presidente executivo do Federal Reserve de Nova York, William Dudley e Terrence Checki.
À tarde, Tombini participa de almoço organizado pela American Chamber of Commerce World Economic Forum e pelo Council of the Americas no Harvard Club. Logo depois, participa de outra reunião com investidores (fechada à imprensa). O presidente do BC retorna ao Brasil na terça-feira (26).
Para a próxima reunião do Copom, nos dias 5 e 6 de março, enquanto alguns economistas esperam que o BC elevará a taxa de juro - atualmente na mínima recorde de 7,25% -, outros dizem que o BC pode sinalizar em seu comunicado mensal que considera aumentar a taxa no futuro, se a inflação continuar sendo um problema.
Nesta segunda-feira, a pesquisa Focus, do BC, mostrou que as instituições financeiras participantes elevaram suas projeções para o IPCA de fevereiro (de 0,42% para 0,43%) e também para março (de 0,42% para 0,43%). Apesar disso, as estimativas para a inflação anual este ano, medida pelo IPCA, caiu de 5,70% para 5,69%. A estimativa para a expansão do PIB em 2013 acelerou de 3,08% para 3,10%. Já a previsão para o câmbio para o fim de 2013 caiu de R$ 2,02 para R$ 2,00.
Os índices de inflação, divulgados nesta segunda, mostraram resultados mistos. O IPC-S desacelerou para +0,26% na 3ª quadrissemana de fevereiro, ante 0,55% na anterior. Já o INCC-M subiu para 0,80% em fevereiro, de 0,39% em janeiro. O dado ficou dentro do intervalo das projeções do mercado (de 0,45% a 0,91%) e bem perto da mediana projetada (0,81%).