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Da Redação
Publicado em 26 de março de 2010 às 17h22.
São Paulo - O dólar subiu mais de 1 por cento frente ao real nesta sexta-feira, contrariando o comportamento do mercado internacional de câmbio por causa de ajustes internos.
A moeda norte-americana subiu 1,10 por cento, para 1,830 real. É a maior cotação de fechamento desde 25 de fevereiro.
No mês, o dólar agora acumula alta de 1,27 por cento.
No exterior, enquanto o mercado local fechava, o euro tinha valorização de 0,9 por cento ante o dólar e saía da mínima em 10 meses atingida nesta semana. O combustível para a alta era a aprovação de um pacote da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Grécia.
No Brasil, porém, o dólar destoou. Profissionais de mercado ouvidos pela Reuters descartaram que a alta tenha ocorrido por causa de operações de saída de moeda estrangeira nesta sessão. Para dois deles, o que predominava era uma frustração com a entrada de dólares, que tem sido menor que o esperado.
"Acho que (a alta do dólar) foi o fluxo que não veio", disse o operador de câmbio de um grande banco nacional, que preferiu não ser identificado.
O país registra em março, até o dia 19, fluxo negativo de 2,345 bilhões de dólares. No começo do mês, analistas previam que ofertas de ações e emissões de dívida engrossariam as entradas de recursos no país.
Cenários
Marcelo Oliveira, operador de câmbio da corretora BGC Liquidez, afirmou que parte do mercado --que previa níveis menores para o dólar-- ajustou posições nesta sessão em meio à possibilidade de que a moeda se mantenha acima de 1,80 real.
Para analistas do banco BNP Paribas, esse é o cenário mais provável. "A maior dependência do fluxo de capitais vai trazer mais volatilidade para o real... Esperamos que o dólar alcance 1,90 real no segundo trimestre."
O mercado prevê déficit de 50 bilhões de dólares em conta corrente este ano, com saldo positivo de apenas 10 bilhões de dólares na balança comercial, de acordo com pesquisa do Banco Central junto a instituições financeiras.
Além disso, parte do mercado também vê com cautela o fato de que o Tesouro Nacional pode comprar mais dólares no mercado para honrar compromissos da dívida, depois de mudanças nas normas cambiais anunciadas nesta semana.