Dólar cai 2% e fecha abaixo dos R$ 5,50 pela 1ª vez em três semanas
Mercado vê menor chance de impeachment, após divulgação de vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro
Guilherme Guilherme
Publicado em 25 de maio de 2020 às 17h19.
Última atualização em 25 de maio de 2020 às 18h03.
O dólar fechou em queda, nesta segunda-feira, 25, após o conteúdo do vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro , revelado após o pregão da última sexta-feira, ter se mostrado menos negativo do que o mercado vinha esperando. Com a percepção de menor risco político entre os investidores, o dólar comercial caiu 2,1% e encerrou sendo vendido a 5,458 reais. O dólar turismo, com menor liquidez, recuou 3,6%, cotado a 5,67 reais.
“A conclusão é que não teve nada tão comprometedor que gerasse a possibilidade de um impeachment maior turbulência política”, afirmou Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora.
Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimento, também acredita que o vídeo tenha ficado aquém das expectativas do mercado. “Estavam precificando algo pior. Não ficou nítida a interferência [ de Bolsonaro para salvar seus familiares ]”, disse.
Com o menor temor político, o dólar fechou abaixo dos 5,50 reais pela primeira vez em três semanas. Segundo Nagem, o rompimento dessa barreira pode colocar o dólar em tendência de queda.
Velloni não descarta que a moeda tenha entrado em tendência de queda, mas vê a desvalorização de hoje com cautela, já que o feriado nos Estados Unidos e no estado de São Paulo (que adiantou o feriado estadual de 9 de julho pra esta segunda) reduziu o volume de negociado. “Pode ter tido algumas distorções. O valor nominal dessa queda não dá para levar em conta.”
Nos mercados internacionais, pautado pelo otimismo com as reaberturas das principais economias do mundo, também ajudou a valorizar as moedas, o dia também foi positivo para moedas emergentes.
Na Europa, um dos continentes mais impactados pela pandemia do coronavírus covid-19, alguns países já se programam a retomada do turismo. A Espanha, quinto país com mais casos da doença registrados, deve voltar a receber turistas a partir de julho, na expectativa de tentar salvar parte da temporada de verão. Por lá, empresas de turismo chegaram a disparar na bolsa nesta segunda.
Já nos Estados Unidos, onde houve o maior número de infectados e mortos pela doença, todos os estados já iniciaram processos de reabertura, apesar dos temores sobre uma segunda onda de contaminação, principalmente em estados do sul do país.
“Sem muitas notícias no exterior, o otimismo com a reabertura da Europa e dos Estados Unidos deve continuar [ ditando o ritmo dos mercados ]”, afirmou Nagem.