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Dólar sobe mais de 2% e fecha próximo de R$ 5,60 com incertezas econômicas

Medo de segunda onda de coronavírus e pessimismo sobre recuperação econômica fazem moeda americana se valorizar no mundo

Dólar sobe 2,2% e encerra vendido a 5,588 reais (Yuji Sakai/Getty Images)

Dólar sobe 2,2% e encerra vendido a 5,588 reais (Yuji Sakai/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 09h51.

Última atualização em 23 de setembro de 2020 às 17h16.

O dólar voltou a se valorizar no Brasil e em outras economias emergentes nesta quarta-feira, 23, com os investidores cada vez mais descrentes sobre uma recuperação econômica pujante neste segundo semestre. Por aqui, o dólar comercial subiu 2,2% e encerrou sendo negociado a 5,588 reais na venda, na máxima intradia. A cotação é a maior alcançada pelo dólar desde o fim de agosto, quando a moeda americana chegou a superar os 5,60 reais.

No exterior, o dólar também operou em alta ao longo de todo o dia contra as principais moedas emergentes, com destaque para o peso mexicano, que chegou a se desvalorizar mais de 3%. Quando encerrou o pregão à vista no mercado local, o índice Dxy, que mede o desempenho do dólar perante seus pares desenvolvidos caminhava para o terceiro pregão de alta, próximo das máximas desde julho.

“Por mais que as bolsas estivessem positivas hoje [pela manhã], ainda existe uma nuvem carregada de aversão ao risco em função de tudo que está acontecendo”, afirma Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.

Segundo ele, os temores sobre a segunda onda de coronavírus seguem presentes no mercado, com o crescimento do número de casos na Europa, onde algumas regiões já começaram a retomar medidas de restrição para evitar a proliferação da doença, o que pode atrasar ainda mais a recuperação econômica.

As recentes declarações de membros do Federal Reserve (Fed) também têm contribuído para as incertezas sobre o futuro da economia global. Na véspera, o presidente do Fed, Jerome Powell, voltou a afirmar que vê a situação econômica como “altamente” incerta e que seriam necessários mais estímulos econômicos por parte do Congresso americano para atenuar os impactos do coronavírus na economia. Os debates entre republicanos e democratas para aprovação de um novo pacote, porém, ficam cada vez mais distantes de um acordo, conforme as eleições presidenciais se aproximam.

Já o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, mencionou a possibilidade de os EUA aumentarem a taxa de juros antes mesmo de a inflação média superar a meta de 2%. A declaração causou dúvidas no mercado, mas Ruik afirma que a chance de isso acontecer é pequena. “Não tem como subir os juros agora. O mercado trabalha com os juros próximos de zero até, pelo menos, o primeiro semestre de 2021. Não vai ser um Fed Boy que vai mudar a cabeça de todos os outros”, comenta.

Nesta quarta, os membros do Fed voltaram a enfatizar a necessidade de mais estímulos para que a maior economia do mundo saia do buraco. Além dos Fed Boys, também estiveram no radar os índices de gerente de compras (PMIs, na sigla em inglês) industriais, que ficaram acima do esperado na Zona do Euro e nos Estados Unidos, mas foi insuficiente para animar os investidores. Os PMIs de serviços, por outro lado, decepcionaram, em mais um sinal de que a recuperação econômica segue em marcha lenta.

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