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Dólar atinge maior nível em 4 meses com aversão a risco

O movimento brusco acendeu um sinal amarelo entre investidores, que especulam sobre uma possível ação do Banco Central

Notas de dólar: a vigilância das autoridades brasileiras sobre o câmbio reduziu drasticamente a a volatilidade e o volume do mercado de câmbio (SXC.HU)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2012 às 13h16.

O dólar disparou nesta sexta-feira e atingiu o maior nível intradia em mais de quatro meses ante o real, por preocupações com a situação fiscal dos Estados Unidos e a zona do euro. O movimento brusco acendeu um sinal amarelo entre investidores, que especulam sobre uma possível ação do Banco Central para conter a valorização da moeda.

A possibilidade de que a aversão ao risco continue a crescer nos mercados internacionais até o final do ano, somada à fraca atividade econômica brasileira, alimenta análises de que o governo poderá aceitar o dólar mais valorizado a despeito de possíveis pressões inflacionárias.

Às 13h27, a moeda norte-americana subia 0,54 %, para 2,0490 reais na venda, depois de atingir a máxima de 2,0677 reais, alta de 1,43 %. Esse foi o maior nível intradia desde 29 de junho, quando o dólar registrou 2,0760 reais na máxima da sessão.

Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 938 milhões de dólares.

"Foi uma semana bastante tumultuada. Desde a eleição apertada nos Estados Unidos até uma série de dúvidas sobre a Grécia. Por isso os investidores adotaram uma postura mais cautelosa", afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito.

Investidores ficaram mais avessos a risco logo após a reeleição de Barack Obama para a Casa Branca, quando a atenção do mercado se voltou às negociações do chamado "abismo fiscal" dos Estados Unidos: cortes de gastos e aumentos de impostos no valor de 600 bilhões de dólares programados para começar automaticamente no ano que vem e que podem colocar a maior economia do mundo em recessão.

Além disso, permanecem no radar dos investidores a crise da dívida da zona do euro e a difícil situação da Grécia, que pode não receber a próxima parcela de ajuda de seus credores internacionais a tempo de pagar títulos que vencerão em meados de novembro.

O cenário incerto levou os investidores a correr para a relativa segurança do dólar. Nesta semana até o fechamento de quinta-feira, o dólar avançou 0,35 % em relação ao real.


"Há uma tendência de aversão ao risco no curto prazo que deverá puxar uma valorização do dólar, e o governo vai deixar subir. Mas no longo prazo os fundamentos econômicos positivos do Brasil permanecessem", avaliou Perfeito.

Autoridades brasileiras expressaram repetidamente a vontade de deixar o dólar acima de 2 reais para impulsionar a indústria brasileira. No começo de julho --quando o dólar recuou abaixo desse nível --o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que o dólar abaixo de 2 reais não era bom para a indústria.

Pouco antes de tal declaração, o dólar chegou a bater 2,10 reais, fazendo o BC atuar por meio de leilões de swap cambial tradicional --equivalentes a uma venda de dólares no mercado futuro-- para impedir que a divisa ultrapasse esse patamar. O conjunto dessas declarações e intervenções levou o mercado a consolidar uma banda informal de negociação para o dólar, cujo piso seria 2 reais e o teto, 2,10 reais.

A vigilância das autoridades brasileiras sobre o câmbio reduziu drasticamente a a volatilidade e o volume do mercado de câmbio, deixando o dólar próximo de 2,02 e 2,03 reais por vários meses.

"Acredito que nesses níveis (atuais) o BC não entra. Acho que ele está sossegado. Mas se chegar a 2,07 ou 2,08 reais, suponhamos que ele pode atuar", disse o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, acrescentando que a autoridade monetária não sondou o mercado nesta sessão para a realização de um possível leilão.

Ferramenta de política industrial

O governo pode optar por deixar o dólar mais valorizado para impulsionar a fraquejante indústria brasileira, uma vez que preocupações com a inflação foram deixadas em segundo plano, de acordo com analistas.

"O câmbio, do jeito que está colocado, é uma ferramenta de política monetária e industrial. A indústria no Brasil está muito difícil", disse Perfeito, da Gradual.

A produção industrial brasileira recuou 1 % em setembro ante o mês anterior, o pior resultado em oito meses, e interrompeu uma sucessão de três meses de expansão da atividade.

Sugerindo espaço para um dólar mais valorizado, índices de preços têm dado sinais de arrefecimento, principalmente no atacado, enquanto diretores do Banco Central continuam insistindo que a inflação convergirá para o centro da meta de 4,5 % no ano que vem.

No entanto, Perfeito acredita que a valorização do dólar deve ser passageira e que o governo voltará a usar a taxa de câmbio como ferramente de controle de preços quando a inflação voltar a ser pressionada.

"Situação de crise é passageira. O que eu vejo no Brasil é um conjunto de perspectivas positivas que não justificam um real tão desvalorizado", afirmou o economista-chefe.

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A possibilidade de que a aversão ao risco continue a crescer nos mercados internacionais até o final do ano, somada à fraca atividade econômica brasileira, alimenta análises de que o governo poderá aceitar o dólar mais valorizado a despeito de possíveis pressões inflacionárias.

Às 13h27, a moeda norte-americana subia 0,54 %, para 2,0490 reais na venda, depois de atingir a máxima de 2,0677 reais, alta de 1,43 %. Esse foi o maior nível intradia desde 29 de junho, quando o dólar registrou 2,0760 reais na máxima da sessão.

Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 938 milhões de dólares.

"Foi uma semana bastante tumultuada. Desde a eleição apertada nos Estados Unidos até uma série de dúvidas sobre a Grécia. Por isso os investidores adotaram uma postura mais cautelosa", afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito.

Investidores ficaram mais avessos a risco logo após a reeleição de Barack Obama para a Casa Branca, quando a atenção do mercado se voltou às negociações do chamado "abismo fiscal" dos Estados Unidos: cortes de gastos e aumentos de impostos no valor de 600 bilhões de dólares programados para começar automaticamente no ano que vem e que podem colocar a maior economia do mundo em recessão.

Além disso, permanecem no radar dos investidores a crise da dívida da zona do euro e a difícil situação da Grécia, que pode não receber a próxima parcela de ajuda de seus credores internacionais a tempo de pagar títulos que vencerão em meados de novembro.

O cenário incerto levou os investidores a correr para a relativa segurança do dólar. Nesta semana até o fechamento de quinta-feira, o dólar avançou 0,35 % em relação ao real.


"Há uma tendência de aversão ao risco no curto prazo que deverá puxar uma valorização do dólar, e o governo vai deixar subir. Mas no longo prazo os fundamentos econômicos positivos do Brasil permanecessem", avaliou Perfeito.

Autoridades brasileiras expressaram repetidamente a vontade de deixar o dólar acima de 2 reais para impulsionar a indústria brasileira. No começo de julho --quando o dólar recuou abaixo desse nível --o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que o dólar abaixo de 2 reais não era bom para a indústria.

Pouco antes de tal declaração, o dólar chegou a bater 2,10 reais, fazendo o BC atuar por meio de leilões de swap cambial tradicional --equivalentes a uma venda de dólares no mercado futuro-- para impedir que a divisa ultrapasse esse patamar. O conjunto dessas declarações e intervenções levou o mercado a consolidar uma banda informal de negociação para o dólar, cujo piso seria 2 reais e o teto, 2,10 reais.

A vigilância das autoridades brasileiras sobre o câmbio reduziu drasticamente a a volatilidade e o volume do mercado de câmbio, deixando o dólar próximo de 2,02 e 2,03 reais por vários meses.

"Acredito que nesses níveis (atuais) o BC não entra. Acho que ele está sossegado. Mas se chegar a 2,07 ou 2,08 reais, suponhamos que ele pode atuar", disse o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, acrescentando que a autoridade monetária não sondou o mercado nesta sessão para a realização de um possível leilão.

Ferramenta de política industrial

O governo pode optar por deixar o dólar mais valorizado para impulsionar a fraquejante indústria brasileira, uma vez que preocupações com a inflação foram deixadas em segundo plano, de acordo com analistas.

"O câmbio, do jeito que está colocado, é uma ferramenta de política monetária e industrial. A indústria no Brasil está muito difícil", disse Perfeito, da Gradual.

A produção industrial brasileira recuou 1 % em setembro ante o mês anterior, o pior resultado em oito meses, e interrompeu uma sucessão de três meses de expansão da atividade.

Sugerindo espaço para um dólar mais valorizado, índices de preços têm dado sinais de arrefecimento, principalmente no atacado, enquanto diretores do Banco Central continuam insistindo que a inflação convergirá para o centro da meta de 4,5 % no ano que vem.

No entanto, Perfeito acredita que a valorização do dólar deve ser passageira e que o governo voltará a usar a taxa de câmbio como ferramente de controle de preços quando a inflação voltar a ser pressionada.

"Situação de crise é passageira. O que eu vejo no Brasil é um conjunto de perspectivas positivas que não justificam um real tão desvalorizado", afirmou o economista-chefe.

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